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Domingo,8 de Junho

Dilma no Planalto, nenhum mendigo nas ruas

Jornal O Norte
Publicado em 14/01/2010 às 09:42.Atualizado em 15/11/2021 às 06:16.

Yago Cavalcante



Em entrevista à Revista Veja, nesta semana, Sérgio Guerra, presidente do PSDB, garantiu que o PT, por estar em desvantagem nas pesquisas da eleição presidencial de 2010, lançará mão de mecanismos inescrupulosos para reverter tal situação. Dias depois, o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) assegurou à população, inclusive aos eleitores, que a miséria no país será erradicada até 2016, desde que o Brasil mantenha o ritmo de crescimento apresentado entre 2003 e 2009. Ou seja, se elegermos Dilma Rousseff, a fome cairá por terra. A teoria do presidente tucano se confirmou. O PT não tem escrúpulos.



Uma “pesquisa” divulgada pelo IPEA na segunda-feira só vem ratificar a necessidade de o PT alicerçar-se eleitoralmente a qualquer custo, com o intuito de eleger a presidente uma candidata com currículo nulo em matéria de administração pública. À moda Saint-Simon, Lula novamente empenha-se em ludibriar a classe pobre, seja faltando com decoro por meio de palavrões, seja fazendo-a acreditar em utopias. Por meio de uma instituição pública de pesquisa, submetida a seus interesses, ele ousa a propalar a falácia de que a continuidade de seu esquema de gestão realizaria, em 6 anos, aquilo que tentamos fazer há mais de 100.  Na verdade, zerar a pobreza de um país é mais que uma utopia, é uma impossibilidade. A saber, até mesmo na Noruega, detentora do maior IDH do planeta, há miseráveis perambulando pelas ruas. Sabemos disso eu, você, Lula, Dilma Rousseff e, inclusive, Marcio Pochmann, presidente do IPEA e, por ironia, filiado ao PT.



Pochmann se afoitou a dizer que o Brasil já possui uma estrutura social comparável aos países ricos. No entanto, até o momento em que escrevia este artigo, meu país configurava-se como um dos cinco mais desiguais do mundo, de acordo com o último relatório da ONU. Que fique claro que sou brasileiro, diferentemente do que o presidente do IPEA aparenta ser. Pochmann ainda atribui a fantasia petista aos programas assistencialistas engendrados por Lula, como o Bolsa Família. É intrigante o arrojo desses nossos dirigentes: além de tapearem nossos compatriotas menos favorecidos, garantindo a todos eles uma ascensão econômica considerável, ainda confessam que só é possível fazê-lo graças às esmolas a eles cedidas pelo Estado. Refutam, superficialmente, qualquer espécie de preconceito, mas parecem associar aos brasileiros apenas a indolência, em detrimento do potencial de cada um deles.



No entanto, não deponho contra esses programas assistencialistas. Eles ainda correspondem à salvação dos bolsões de pobreza do Brasil. O que condeno, por outro lado, é a maneira irresponsável com que eles foram implementados. Por não possuírem um prazo de vigência, assumiram um caráter perpétuo, visto que dificilmente um presidente se atreverá a suspender a era do ócio de muitos dos eleitores brasileiros.



Não é a primeira vez que o IPEA corrobora sua sujeição aos interesses do governo federal. Em 2007, o deputado peessedebista José Aníbal exigiu que Pochmann esclarecesse o afastamento de quatro pesquisadores que rejeitaram a se alinhar ao governo.



Assim age Lula, e do mesmo modo agirá Dilma Rousseff, com seu populismo chulo. Quebrando decoros, prevendo fantasias, utilizando de instrumentos públicos para fins eleitoreiros, acolhendo aliados, demitindo adversários e tentando nos ludibriar. Mas apenas tentam.

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