Dignidade política... lá fora!

Jornal O Norte
01/06/2009 às 09:37.
Atualizado em 15/11/2021 às 07:00

Dirceu Cardoso Gonçalves


Dirigente da ASPOMIL 


aspomilpm@terra.com.br

O presidente da Câmara dos Comuns (da Inglaterra), Michael Martin, renunciou ao mandato. Por quê renunciou? Renunciou devido a pressões sofridas em relação ao abuso do dinheiro público cometido por deputados. Como chefe do poder legislativo, há 9 anos no cargo, o político sentiu-se na obrigação de afastar-se, num gesto extremo (para os ingleses), que antes havia ocorrido só em 1695, quando o titular do cargo foi surpreendido recebendo propina. Esse é um exemplo extremo, mas vez ou outra encontramos desfechos mais radicais ainda, com políticos ou dirigentes de grandes corporações que, pegos no erro, cometem o suicídio.

Não defendemos o suicídio, em hipótese alguma. Mas a renúncia e a proscrição é o mínimo que qualquer homem público ou líder que meteu a mão no dinheiro do povo merece. Infelizmente, o Brasil está muito distante de comportamentos dessa natureza. O indivíduo, investido na função pública é surpreendido e escrachado no cometimento de verdadeiros crimes e ainda sobrevive politicamente. Essa falta de solução é que leva a população a construir a imagem caótica que hoje a maioria dos brasileiros tem da classe política. Uma imagem tão ruim que chega a ser injusta porque nivela a classe por baixo, levando a crer que todos são iguais aos ladrões surgidos como personagens de fatos lamentáveis como os sanguessugas, os que escondem dinheiro na cueca, o esbanjadores de passagens aéreas e aqueles que pagam despesas particulares com dinheiro público.

O Brasil e a maioria dos países “em desenvolvimento” têm a corrupção como endêmica na classe política. E o pior é que o povo, grande prejudicado pelo assalto aos cofres públicos, é complacente e continua votando nos corruptos. Nos últimos tempos, a Justiça tem apertado o cerco e punido alguns dos envolvidos nas falcatruas, mas isso não é suficiente para melhorar a imagem dos detentores de mandatos públicos. Ao mesmo tempo em que neles vota, o povo os rotula sem dó: LADRÃO!

Apesar de todas as dificuldades, nosso pais ascendeu na escala internacional e hoje é uma das principais economias do mundo. De tipicamente rural até os anos 50, somos hoje uma economia industrial, com produtos de alta tecnologia, possibilidade de processar as matérias primas para vendê-las a preços melhores e uma série de outras características de pais desenvolvido.

Mas, para podermos ser considerados um país desenvolvido e, até, “de primeiro mundo”, precisamos avançar muito no rumo social. Oferecer oportunidade de trabalho, saúde, educação e convivência à população para que todos possam, em vivendo bem, exercer plenamente a cidadania e exigir de seus políticos pelo menos um pouco de decência e retidão. No dia em que tivermos essa nova realidade, possivelmente, os nossos políticos também deixarão de se envolver em escândalos e, em se envolvendo, também terão a dignidade de renunciar...

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