Dia mundial da Alzheimer chama à reflexão

Jornal O Norte
22/09/2005 às 11:02.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:51

Cinara Dreide


Repórter


dreide@onorte.net

Ontem foi comemorado o dia mundial da doença de Alzheimer, um mal que ainda não tem cura e é muito parecido com a caduquice. Essa doença afeta 5% das pessoas acima de 65 anos e pode se tornar freqüente à medida que a idade avança.

A doença não é considerada rara e é mais comum do que a Aids. De acordo com a geriatra Maria Ângela Martins Pinheiro, a doença pode passar desapercebida. No início, a pessoa tem alterações que muitas vezes são atribuídas à estafa, tensão emocional ou alguma outra doença concomitante.

- Ela também pode aparecer em pessoas que tenham menos de 60 anos. É uma doença cerebral progressiva e irreversível, que ainda não tem cura. Em média, a sobrevida após o diagnóstico é de oito a dez anos, tempo que está relacionado com a qualidade dos cuidados recebidos pelo paciente. Mas esse tempo é variável, mais rápido – em torno de quatro anos, ou muito lento – até 20 anos – diz a geriatra.

Maria Ângela acrescenta que um dos sintomas é o esquecimento, principalmente de fatos recentes. O paciente coloca as coisas fora do lugar habitual e costuma verificar várias vezes se uma tarefa executada foi feita, além de fazer diversas perguntas que já foram respondidas.

Realizam por mais tempo uma tarefa de rotina. Tem alterações no humor, fica mis irritado ou mais quieto, a depressão também pode ser um dos sintomas. Apresentam dificuldades em tarefas que precisam de concentração, os nomes dos netos costumam ser confundidos, têm dificuldade em encontrar palavras, embora saibam o que querem dizer; ao escreverem, podem ocorrer frases sem sentido. Habilidades como cozinhar ou consertar são perdidas gradualmente.

- Atividades como se vestir, ir ao banheiro ou se localizar mesmo estando próximo de casa tornam-se difíceis. A própria residência deixa de ser reconhecida – diz Maria Ângela.

A doença é dividida em três estágios e, nos mais avançados, a linguagem é perdida e substituída por gemidos ou gritos. Os movimentos tornam-se mais trabalhosos e as quedas são freqüentes.

No estágio final, o paciente fica restrito ao leito, totalmente incapaz de comunicar-se e de se alimentar. Em geral é preciso uma sonda para a alimentação. A permanência no leito pode facilitar o surgimento de infecções respiratórias como, por exemplo, pneumonia, que costumam levar à morte.

Maria Isabel Pinheiro Matos sabe o que é isso. Sua mãe Ilca Pinheiro, 69 anos, aposentada, teve essa doença por sete anos e faleceu há poucos meses. O problema foi descoberto quando Ilca sofreu uma forte depressão. A partir daí, ela começou a se perder na rua e a ter fortes alucinações à noite; não comia nem conversava com ninguém; os ossos começaram a se enfraquecer e ela perdeu a coordenação motora.

- Após fazer os testes e exames pedidos pela geriatra, foi confirmado o diagnóstico. A primeira coisa que eu fiz foi estudar sobre a doença. Comprei tudo que falava sobre o assunto e dediquei minha vida para cuidar da minha mãe – diz Isabel.

Segundo a geriatra, os exames são hemograma, glicemia, uréia, sódio, cálcio, potássio, raio X do tórax, tomografia computadorizada do crânio, eletrocardiograma, proteinograma, urina, ácido fólico, vitamina B12, fosfatase de alcalina, eletro encefalograma, ressonância magnética.

- Os remédios são caríssimos e à medida que o tempo passa é preciso aumentar a dose. O medicamento custava mais de R$ 200 quando minha mãe começou o tratamento com 3 ml. Mas ela teve que parar de tomar por um tempo, porque eu não tinha condições de comprar, pois a dosagem passou para 12 ml – diz Isabel.

Para ela, a doença de Alzheimer é a doença do século.

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