De novo, sobre as cotas!

Jornal O Norte
Publicado em 23/01/2013 às 19:14.Atualizado em 15/11/2021 às 16:56.

* Eduardo Costa



Queria sugerir aos pais de pele branca cujos filhos vão entrar para a universidade este ano que lhes indicassem, agora, leitura sobre a formação do povo brasileiro.



Todos os que têm responsabilidade precisam colaborar para uma melhor compreensão das chamadas cotas, isto é, atalhos na lei para facilitar a chegada de negros e índios aos bancos de faculdade.



Insisto no assunto porque ainda percebo, especialmente na classe média, aversão à possibilidade de alguém com pontuação inferior ocupar uma vaga tão almejada.



Sugiro que os jovens leiam, por exemplo, porque estamos iniciando neste mês a Década para as Pessoas com Ascendência Africana, instituída pelas Organizações das Nações Unidas numa tentativa de resgatar a identidade dos afrodescendentes e promover avanços sociais na África.



A ação surgiu da constatação de que a realização do Ano Internacional, declarado em 2011, não foi suficiente para avanços contundentes. Até porque, sabemos todos, existe um longo caminho a ser percorrido para que todos, independentemente da cor da pele ou da origem geográfica, sejam tratados de forma igual.



O Brasil tem um débito muito grande. Maior do que o de outras nações. Afinal, para cá veio o maior número de seres sequestrados no continente africano e o nosso país foi o último, no mundo, a declarar a abolição da escravatura.



Todos nós sabemos que o mais correto é melhorar a escola pública fundamental, mas, enquanto a gente não consegue, vamos permitir a nossos irmãos historicamente prejudicados uma chance.



Agora que já temos um ministro da mais alta corte da Justiça negro – e brilhante! –, vamos nos perguntar quando é que fomos atendidos por um ginecologista negro, um pediatra, um engenheiro, um gerente de banco, um piloto de avião...



Agora é hora de verificar quantos artistas, jornalistas, enfim, excetuando-se o futebol e o samba, onde estão os negros famosos entre nós... Sei que o tema é chato, mas é preciso falar a respeito... Aliás, nosso maior mal é a hipocrisia, é fazer de conta que somos o país da diversidade, da convivência plena e das oportunidades iguais.



*Escreve no jornal Hoje em Dia

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