Dando as costas para a imprensa

Jornal O Norte
Publicado em 24/09/2009 às 09:12.Atualizado em 15/11/2021 às 07:11.

Márcia Vieira


Repórter



Felipe Costa Barros. Este é o nome do assessor de imprensa da CBV - Confederação brasileira de voleibol. Este nome pode e deve ser repensado pela Confederação, caso não queira perder o rumo e o respeito dos que trabalham para divulgar o esporte nacional.  Uma pessoa que tem por função estabelecer/estreitar os laços com a imprensa, atua justamente contra os que poderiam ser chamados de colegas.



Esse senhor ocupa o cargo de maneira desonesta, no momento em que arrota em alto e bom som que ele escolhe quem e por que vai exercer o ofício de repórter nas cidades onde aporta a seleção. Infelizmente, a mídia impressa ou visual tem que lidar diariamente com pessoas desse nível, que não primam pela educação e boa conduta profissional. Habituado a lidar com pessoas de diferentes níveis sócio-culturais, a função primordial de um representante de imprensa é exercer a idoneidade, dentro dos desafios que se apresentam a cada momento.



Nesta terça-feira, em Montes Claros, primeiro dia da disputa entre a Seleção brasileira de voleibol e os Estados Unidos, o chamado assessor de imprensa cometeu, ao longo do dia, diversos delitos no tocante ao tratamento dispensado à imprensa local. O primeiro deles diz respeito ao horário não cumprido. Esteve no ginásio pela manhã, atendeu parte da imprensa e marcou o retorno para as 16h. Chegou às 18h, faltando apenas uma hora para o início do jogo.



Antes do horário marcado cheguei ao local, munida do documento exigido para o credenciamento. Ao se deparar com pessoas que o aguardavam, disparou resmungos de enfado. O trabalho de imprensa é, sim, cansativo, mas uma vez escolhido, deve, como toda outra tarefa, ser exercida com paciência, educação e amor. Este senhor, de nome Felipe, parece entediado na sua profissão, tamanha a arrogância com que trata os seus iguais.



Suprimida do meu direito de exercer o ofício, embora dentro dos critérios exigidos, procurei uma alternativa, quando ouvi desse senhor que limitaria as minhas chances e que eu não entraria lá para trabalhar porque “ele não queria” ou porque o “desafiei”. O que ele chama de não desafio é dizer amém às suas atitudes, ainda que eles sejam contrárias ao bom senso. Eu o desafiei porque não aceitei a sua recusa. Era preciso que me apresentasse uma razão para impedir o meu trabalho. Também a título de informação, argumentei que a sua alegação era ilegal, e não podendo entrar por um órgão, entraria por outro, pois presto serviços a vários deles.



- OK, se o número de cadastros chegou ao limite em um órgão, entro por outro, Felipe, o que preciso é fazer o trabalho - disse a ele. 



- É necessário um ofício, você consegue? - retrucou o assessor.



Respondi que sim e que, desse modo, já não haveria problema para emitir a minha credencial. Mas, diante do inevitável, ele, que já havia tomado o problema como pessoal, criou mais uma dificuldade e reafirmou que eu não entraria.



Comuniquei que tinha acesso ao local independentemente da sua vontade, mas, infelizmente, para o ofício era necessário a credencial, não por vontade minha, mas por uma imposição da CBV. Sendo ele assessor, teria que tratar comigo profissionalmente, ainda que não apreciasse a minha presença. 



Usou o telefone para falar com um diretor de rádio - que já havia sido vítima da sua ira e mau humor durante a manhã - e um editor de jornal impresso. Diante dos dois, disse que não disponibilizaria para mim a credencial, que era ele que escolhia “quem” poderia trabalhar. Desnecessário dizer que o dublê de assessor baniu do estádio todos aqueles que têm como veículo a internet, ou seja, além de tudo, desconhece que a internet é um veículo de comunicação, que todos os grandes jornais mantêm um portal, que é através dela, a internet, que a notícia chega primeiro, e que a imprensa local merece respeito, tanto quanto as emissoras que se deslocaram a Montes Claros para cobrir o evento.



Na sua fala, demonstrou que sites não são órgãos idôneos, ou seja, em outras linhas disse também que o site da CBV, por ser site, não merece credibilidade.



O assessor da CBV ignorou a sua função e saiu da sala de imprensa, onde deveria atender aos que o aguardavam. Quando tomou conhecimento de que seus argumentos não eram suficientes para impedir o meu trabalho, já que eu atendia aos critérios exigidos, usou da sua função para exercer autoridade. Causa estragos em sua passagem por Montes Claros. Foi ampla e declaradamente criticado por todos e questionado sobre o fato de fazer parte de uma entidade que representa o país naquilo que tem como mais forte elemento: a educação. Enquanto a seleção demonstra toda a simpatia, o assessor notabiliza-se pela arrogância e falta de profissionalismo.



Peço à CBV que avalie o comportamento do seu representante e atente para os prejuízos incalculáveis de um trabalho que foi deixado à deriva.

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