ÓCIO
· O chamado Ócio produtivo era uma das características da Grécia Antiga, e permitiu o surgimento dos filósofos, homens que destituídos do fardo do trabalho, refletiam sobre o mundo e apontavam soluções. No mundo atual o ócio virou negócio, castrando a imaginação e valorizando excessivamente o mundo material.
ÓCIO II
· Mas na Europa o Ócio produtivo é ainda valorizado. Homens e mulheres se encontram em cafés para discutir ou ler sobre os mais variados temas. Já no Brasil esse tipo de ócio ainda se confunde com estar à toa, não fazer nada, relacionando-o, quase sempre, à noção de vagabundagem.
ÓCIO III
· Ir para a praia com um livro nem pensar. Travar conversas sobre política em mesa de bar, então, constitui crime de lesa majestade. Ao não conseguir separar as instâncias do público e do privado, essas conversas tendem a cair no campo pessoal e, inevitavelmente acabam em discussão.
LUTA ANTIMANICOMIAL
· Quando um parente ou amigo adoece, torcemos para que recupere e volte ao convívio social. Não é o caso quando se trata de alguém que carrega um transtorno mental. Vistos como incapazes pelas famílias, esses pacientes sempre foram confinados em espaços fechados (hospitais) e longe do seu círculo de convivência social. A Luta Antimanicomial atua no sentido inverso. A meta desse movimento, liderado pelos cursos de psicologia da cidade, é garantir, no âmbito familiar, tratamento adequado e humanização do doente. O município tem sua responsabilidade. A instalação dos Capes e a discussão sobre o único hospital psiquiátrico da cidade é necessária.
CONSCIÊNCIA NEGRA
· A resistência do comércio local em absorver o feriado municipal do Dia da Consciência Negra, expressa a dificuldade que temos para lidar com as chamadas minorias políticas. É sempre bom lembrar que o 20 de novembro marca a Data Zumbi dos Palmares, herói negro que encarnou bandeiras de lutas de toda a humanidade, principalmente a idéia de liberdade. A Prefeitura poderia ter amenizado a resistência se fixasse esse feriado com mais antecedência e esclarecesse os motivos da sua efetivação.
HISTÓRIA
· A Unimontes forma, neste final de ano, mais uma turma de história na cidade de São Francisco. Fruto do esforço do atual Reitor, lideranças políticas de São Francisco e professores do Departamento de História, o curso conta com alunos talentosos e preocupados em conhecer a história da cidade e seus problemas atuais como a violência. O primeiro passo para se resolver um problema é tomarmos consciência exata de sua medida. O curso de história dá sua contribuição.
CULTURA
· Carregamos a fama de sermos a cidade da arte e da cultura. Longe de ser um elogio, é uma responsabilidade. Artistas consagrados só se firmaram quando sua arte extrapolou fronteiras e criou conceitos. Como diz Fernando Brant todo artista tem que ir aonde o povo está. Devemos organizar caravanas e viajar o país com os nossos artistas? Nem tanto. Mas trazer à cidade nomes reconhecidos e fazer deles um porta voz dessa nossa vocação é uma possibilidade.
FUNORTE
· O Campus São Luís, das Faculdades Funorte, bem que poderia liderar um movimento de criação de um núcleo de humanidades na cidade. Os cursos de humanas como história, geografia, letras, etc., são, históricamente deficitários. Mas a articulação dessa área com cursos de pós graduação Lato Sensu poderia resolver o problema e gerar uma novidade. Explico. As coordenações dos cursos ofereceriam pós graduações no estilo Prepes da PUC-BH e garantir, para esse centro de humanidades, recursos para gerar, no âmbito de uma instituição privada, uma elite intelectual capaz de assessorar um projeto político ambicioso para a cidade e região. Estrutura e localização se tem e são as ideais. Projetos e boa vontade é o que faltam.
HUMANIDADES
· A revista para a publicação de trabalhos já existe, criada por esse cronista quando professor dessa instituição. Seria preciso retomar a iniciação científica e estabelecer conexão com órgãos de fomento na área de pesquisa. Mapear o espaço social, diagnosticar demandas e qualidades podem apontar soluções adequadas para velhos problemas. Política não se faz mais somente com carisma e dinheiro. A inteligência foi e sempre será aliada dos vencedores.
REFLEXÃO
· Quem desconhece a História está condenado a viver a mercê do tempo, dos dias.