Cultura digital

Jornal O Norte
Publicado em 12/09/2008 às 10:11.Atualizado em 15/11/2021 às 07:43.

Luiz Carlos Amorim


Escritor e editor


http://br.geocities.com/prosapoesiaecia


 


Vivemos a era digital: música digital, imagens – fotografia, cinema, TV - digitais, texto digital, informação digital: o advento da cultura digital. Por quê cultura digital? Porque afeta tudo na vida do cidadão: desde o documento que registra o seu nascimento, passando pela roupa, pelo transporte, ensino, o trabalho, valores, comunicação, educação, saúde, lazer, até a cirurgia delicada para salvar uma vida. O próprio alimento, plantado e colhido da terra é processado – do preparo da terra até a seleção e empacotamento, por máquinas comandadas por um computador que usa um software para executar determinadas tarefas.



Vimos, então, que a cultura digital nos remeteu ao computador, o que nos conecta à internet e nos faz elevar esta última à categoria de sinônimo de democratização da exposição de idéias, informação e comunicação – ou seja, espaço para se publicar de tudo.



Uma democracia generosa mas perigosa, é preciso que se reconheça, pois assim como há a informação honesta e verdadeira, e boa cultura, distribuída nas diversas modalidades de arte:  textos – a literatura em seus diversos gêneros, vídeos, filmes, reproduções de obras clássicas das artes plásticas, ensino e educação confiáveis, na grande rede mundial que é a internet, há também muita coisa ruim e perniciosa – como em toda cultura, a cultura digital trouxe embutida nela o crime, mais uma modalidade de crime, o crime digital.



Mas o lado ruim da internet, como veículo de todo tipo de informação, é assunto para uma outra ocasião. Infelizmente a dualidade bem e mal existe aqui também, como em tudo.



A cultura digital é, em sua essência, o uso de novas tecnologias como meio de possibilitar a difusão de todas as artes e realizações humanas que, juntas, formam a cultura de um povo. E aí, nesse intervalo entre arte e realizações, inclui-se a informação e os softwares (programas para computadores).



E toda essa revolução tecnológica, que assimilou a cultura humana – ou foi assimilada por ela? – aumenta o potencial do ser humano de realizar arte e trabalho, mudando comportamentos e provocando o surgimento de novas linguagens e expressões artísticas.



A cultura digital, como conceito que abrange todas as pessoas, significa inclusão social. Mais do que outras tecnologias revolucionárias que surgiram antes, talvez, porque influencia a vida dos cidadãos em todas as áreas.



Essa inclusão digital se traduz no uso do computador, das tecnologias digitais, por pessoas que têm toda a vida afetada por ela, mas não lhes foi dada a possibilidade de interagir, de operá-la, sendo elas apenas agentes passivos.



Um exemplo da abrangência da ação digital na cultura humana, seqüestrado dentre as tantas atividades cotidianas, é a literatura: todos podemos ler os livros que aí estão, publicados, independente da questão do custo e da possibilidade de aquisição deles.



E ele, o livro, é um produto que desde a criação do texto, pelo escritor, até chegar à mão do leitor, é processado com o uso da tecnologia digital, que já é condição sine qua non em nossa cultura atual.



A obra, seja qual for o gênero, quase sempre é escrita em um processador de textos, software para se escrever no computador, com entrada pelo teclado ou por um programa de ditar, que reconhece a voz do operador – no caso o autor – e digitaliza o que foi dito. Depois da revisão e da correção, a edição é feita em um programa de editoração eletrônica. Em seguida, a impressão é feita com filmes feitos também por programas específicos de computador, em máquinas eletrônicas.



A dualidade da qual falamos no início, inerente a tudo, está presente também aqui, infelizmente. A par da maior agilidade e melhores resultados conseguidos com a tecnologia digital para se produzir o livro, está a democracia que a internet proporciona, colocando em risco o controle de distribuição e a proteção dos direitos autorais.



A obra publicada pode ser colocada na internet por qualquer pessoa e por qualquer motivo, sem que seja solicitada a devida permissão do autor e, não raro, aparecendo com outra autoria que não a verdadeira, o caso de plágio quase comum hoje em dia. O que prejudica o escritor e a editora (quando a edição não é do próprio autor), pois o texto vai ser difundido com autorias diversas e quem o produziu não vai receber nada por isso, sem contar que o livro não será mais vendido, já que o seu conteúdo estaria exibido numa vitrine acessível em qualquer lugar no mundo onde houvesse um computador.



A cultura digital é assim: trouxe uma evolução fantástica na realização de trabalhos, arte,  diversão e comunicação, economizando tempo e esforço para o ser humano. Mas também criou aqueles que, como em qualquer ramo da atividade humana, usam do conhecimento da tecnologia para roubar, enganar, prejudicar o próximo, os bandidos da era digital.



Felizmente o resultado final é positivo. Ainda.

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