Leonardo Álvares da Silva Campos
O Cruzeiro entrou numa decisão da Libertadores da América, no Mineirão, contra o Estudientes, da Argentina, com muito mais time e uma mão na taça. No entanto, estavam em campo três jogadores vendidos na calada da noite: Wagner, Ramires e Gérson Magrão. Todos eles nada jogaram e fizeram de tudo para ser expulsos, afinal receberiam na Europa em euros, não podendo, pois, arriscar sua integridade física que pudesse melar as transferências respectivas. Resultado: os argentinos retornaram a seu país com o título. O fato se repete agora, no returno do campeonato brasileiro, em que o mesmo senhor, que deveria, isto sim, ser considerado persona non grata ao clube estrelado, tendo feito outro desmanche na equipe, vendendo Gil, Henrique, Thiago Ribeiro (este principalmente) e Dudu, além de receber os outros 50 por cento que detinha pela venda de Jônathan pelo Santos. Creio que o lateral Rômulo também foi vendido. O diferencial Montillo só não foi vendido porque não quis seguir nem para a China e muito menos para a Rússia.
A verdade advinda de tudo é a seguinte: Zezé Perrela, em verdade é um cancro à frente do Cruzeiro, que nunca foi nada mais, nada menos que um time vendedor, e não ganhador de títulos em igual período. Pelas suas mãos passaram fortunas e mais fortunas, inclusive verbas de patrocinadores e da TV Globo, suficientes para a construção de não apenas um estádio, mas vários além daquele pelo mesmo prometido à torcida. Sem esse estádio e sem um elenco à altura de buscar algo melhor no brasileirão, a não ser um merecido e inédito rebaixamento à série B, esse senhor, cujo mandato de senador caiu em seu colo, ainda insiste em passar a presidência ao recém-eleito no início do próximo ano, quando a torcida somente quer vê-lo pelas costas, antes que ele, no apagar das luzes, venda ainda o Montillo e receba também a importância que o Vasco pagará ao clube mineiro para a aquisição definitiva dos direitos federativos do jogador Bernardo.
O noticiário dá conta de os outros demais clubes já buscarem se reforçar para a próxima temporada. Exemplos: o Flamengo e um clube do Sul querendo Kléber (cuja metade dos direitos federativos é do Cruzeiro), o Dagoberto também sendo pretendido no Sul, o Atlético
Mineiro repatriando Diego Tardelli, etc., ao passo que o presidente eleito antecipou a aquisição da metade dos direitos federativos de um zagueiro do Boa e pretende trazer um atacante do Ceará. Ou seja, não há como vislumbrar, pelo andar da carruagem até o momento, o Cruzeiro refazendo seu elenco à altura dos clubes cariocas e paulistas, para ficarmos somente em tais exemplos, porque, ao que tudo vai indicando, a diretoria a ser empossada pensa pequeno, quando é certo que com jogadores bonzinhos e baratos time nenhum vai a lugar algum. Se o contrário fosse, com o dinheiro que entrará pela compra definitiva de Bernardo pelo Vasco, o Cruzeiro era para estar pensando, a esta altura, em readquirir o gladiador Kléber. E mais: com parcerias que seja, trazer o Fred, do Fluminense, o qual, quando retornou da Europa, passou um tempo em Belo Horizonte, jantando com Zezé Perrela – como o fizera também Edu Dracena -, mas o milionário Cruzeiro (tem que ser!) não quis abrir seus cofres para essa aquisição salutar.
Mas há uma pergunta que não quer calar: em todos estes anos no seu feudo, o que Zezé Perrella fez com a enormidade de euros que entraram no clube? Nunca houve uma resposta à altura, só se sabendo pela mídia que o dito cujo, hoje senador e que procrastina a entrega do seu posto, e estatutariamente no pormenor não há erro de sua parte, vem sendo objeto de várias denúncias do Ministério Público Federal e da Polícia Federal, e tudo por enriquecimento ilícito. Por demais veiculado na mídia ser ele possuidor de uma fazenda avaliada em R$ 60 milhões, em Morada Nova de Minas, na região central mineira, voltada para atividades agrícolas destinadas até mesmo para exportação. Ao Tribunal Regional Eleitoral (TER), ele declarou ser detentor de um irrisório patrimônio de R$ 490 mil, explicando, para efeito público, que seus bens, na realidade, integrariam uma pessoa jurídica representada por um filho e um sobrinho, ao passo que, desde o seu retorno à presidência, o Cruzeiro não conquistou nenhum título de importância a nível nacional ou internacional.
Existe uma descrença do público em geral quanto a valores anunciados por dirigentes falastrões, e não só Perrella, relativos à transferência de atletas para o estrangeiro, não se falando em importâncias repassadas por patrocinadores e uma emissora de televisão, quando é certo que a realidade nos mostra dirigentes cada vez mais milionários, com evasão de divisas e fraude à arrecadação pública, eis que conhecemos as histórias dos paraísos fiscais, tudo levando ao enriquecimento ilícito dessas pessoas físicas, enquanto que, paralelamente, presenciamos os clubes respectivos à beira da falência, ou falidos de pleno direito.
Ora, no caso específico do Cruzeiro, se o Ministério Público Federal e a Polícia Federal quiserem trilhar um caminho mais curto, numa nova investigação buscando descobrir os reais valores – e não valores anunciados na intransparência - que entraram nos cofres do Cruzeiro, somente com o que foi arrecadado com as transferências de Jônathan, Gil, Thiago Ribeiro, Henrique e Dudu, e também pela venda da metade dos direitos federativos de Kléber, além do valor do empréstimo de Bernardo, fazendo um comparativo entre receitas e despesas, que são os fatos mais recentes, por certo que a verdade brotará, mostrando verdades ou mentiras.
A Constituição resguarda a todos o direito de defesa. Daí que o mais do que nunca indesejado presidente cruzeirense (ainda), já na história do clube como de triste memória, poderia provar, às vezes, que vem fazendo uma administração escorreita dentro da instituição Cruzeiro. Ele tem mesmo essa garantia constitucional. Pouco provável que tal senhor logre êxito, contudo, pois o que vemos é o clube – maior sucesso em venda de atletas no Brasil na era da perrellada - despenhadeiro abaixo, enquanto mormente a fortuna do senador Perrella, agora colega do José Sarney, cresceu estratosfericamente, o que é sabida por todos aqueles bem informados, que não buscam bajular o rei!
Mister venha a ser ressarcido o Cruzeiro Esporte Clube, a se comprovar a malversação de tudo quanto arrecadou em igual período. Com a palavra o Ministério Público Federal e a Polícia Federal, esperando, de antemão, sucessos investigativos, para o bem ou para o mal!
