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Domingo,1 de Junho

Confraternização

Jornal O Norte
Publicado em 10/12/2008 às 17:21.Atualizado em 15/11/2021 às 07:52.

Adilson Airon



Chegou o momento mais esperado do ano, com a aproximação do Natal e réveillon. As casas mal amadas começam a se encher do calor dos amigos e colegas e também dos filadores. Essas festinhas são norteadas por diferentes fases, que vão da fase de lucidez até a mais completa embriaguez, onde tudo pode acontecer. Na primeira estão todos em alto grau de comportamento. Eles se reúnem na sala ou na área, conversando em grupos separados. Os que tendem a maior afinidade estão sempre juntos. A mulheres às vezes conversando entre si, outras agarradas aos comportados maridos, que não vêem a hora de tomar a primeira dose para se libertarem do robótico estado de timidez.



O som também é baixo e quem tem acesso é somente o dono da casa. Quadros na parede, peixes no aquário são observados de longe, com raríssimas exceções, de um levantar para melhor entendimento. Até que as primeiras doses vão sendo servidas, a mistura para acelerar o processo na cabeça não tem restrição, indo de vinho a cerveja, cachaça e outras, de acordo o décimo terceiro do sujeito.



Bem, nessa fase de mistura, a mulher que se mantinha pacata do lado já tratou de fazer uma cara de saborear cocô e sentar-se  com as outras da mesma bandeira. O papo que era cauteloso rompe com os paradigmas da caretice, e começa a dar o nome aos bois das que foram comidas. A colega que tem a bunda maior e o cara que está sendo corneado. Esta também é a fase dos olhares sarrabieiros na mulher, de brincar com os filhos do chefe e elogiar o buldogue de cara flácida. Também é nesta fase que o som é socializado, numa mostra tão verdadeira da amizade que o dono da casa só escuta a música que gosta quando a maioria aprova.



Outro grande momento é o da dança do Creu. Aquela performance epilética determina o nível de álcool no cérebro. É quando o mais gordo da turma encara sozinho até a ultima velocidade. Aí  tudo pode acontecer.



Na fase seguinte, a sensibilidade se aflora e a vontade de abraçar não pode ser contida. Escuta-se que o amigo é o melhor de todos mesmo aquele f.d.p. que puxa saco e o dedo-duro. A mão batendo forte no peito e lágrimas escorrendo nas faces dão a dimensão dessa amizade embrionária. Nesta altura, o papo já invadiu todos os níveis permitidos e aqueles não permitidos, de inteligência tão profunda que o menor sussurro de um desencadeia uma verdadeira dissertação do outro.



O poder aquisitivo sobe e o dinheiro jorra boca afora com bens incalculáveis e parentes influentes na política, no esporte e  na rede Globo em horário nobre... existem primos até de vigésimo grau. Meu caro leitor, se você ainda não passou por isto, sua chance breve chegará. Alguém o tirou no amigo oculto...

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