Por Cláudia Gabriel
A frase começa com “eu devia ter” ou “eu não devia ter” e, logo depois, pode saber que vem arrependimento por aí. Nem sempre o caso é grave.
Pequenos arrependimentos, como saborear um doce bem calórico (esse tenho quase diariamente) ou, por preguiça, deixar de ir a uma festa, são rápidos e indolores. Duram apenas o tempo do lamento.
O pior é ter um grande arrependimento – daqueles que deixam o olhar triste, o pensamento distante e a alma pesada. Esses, dificilmente, passam... Imagino que seja lá no fim da vida, quando já não há tempo pra voltar atrás, que a gente costuma vivê-los com mais intensidade.
Parei outro dia pra ver o programa Saia Justa, do GNT, porque o assunto me interessou. Nos Estados Unidos, a enfermeira Bronnie Ware lançou um livro que fala sobre os maiores arrependimentos de pacientes terminais. Estranho que nada parece novidade. Essas pessoas queriam ter trabalhado menos, expressado mais os sentimentos, tido mais contato com os amigos.
O que me deu um nó na garganta foi este item: gostaria de “ter me deixado ser mais feliz”. Isso fala do amor que não vivi ou não declarei, do sucesso que não comemorei ou nem reconheci, da culpa de viver leve e até de ser inconsequente, das tempestades que fiz por bobagens, do tempo que perdi, brigando com o mundo.
Uma escolha que se revela “infeliz” pode levar décadas pra ser corrigida. Uma profissão que não te satisfaz, um casamento por impulso, filhos que vieram antes da hora e em quantidade maior que a desejada. Lá se vão alguns bons anos na vida que já é tão curta.
É como aquela publicidade de um banco em que sempre aparecem uma criança e um idoso. Um falando dos sonhos. O outro, dos desencantos por não ter feito o que queria. Não deixa de ser um alerta. A gente, às vezes, evita o assunto porque dói e porque não tem mais volta. Passou.
Mas pense bem: o que se faz agora pode ou não levar mais remorso para o futuro. Então, pra não deixar mais uma dor pesar no balanço que será feito lá na frente, é melhor correr atrás enquanto existe disposição. Acho que é preferível se arrepender por uma ação a sofrer por uma omissão, pela falta de coragem de agir.
Então, já decidi: vou fazer a minha lista dos 5 arrependimentos que não quero ter nos últimos dias aqui na Terra. E pretendo sair logo tomando algumas medidas. Isso porque não quero me imaginar velhinha, com aquela nuvem no olhar por ter fugido da alegria.