Franklin Chaves *
Se você é um daqueles loucos pela justiça e não se conforma com as coisas do jeito que são, mas ainda não sabe o que fazer; eis aqui algumas dicas, para que sua vida e sua vontade de melhoras avizinhe num futuro próximo.
Primeira coisa é lutar por uma causa, sendo assim, nada melhor que escolher uma classe que esteja sofrendo injustiças; ou seja, o Proletariado.
Para ganhar a confiança dos seus futuros governados, promova greves, bote a mão no microfone e grite sem medo nas portas das fábricas, reivindique melhorias de trabalho, melhores salários, promova passeatas, tente explicar com a máxima clareza o conceito de MAIS VALIA, use roupas batidas, deixe a barba crescer, fale rouco, e se isso tudo ainda não bastar, perca pelo menos um dedo, nem que seja o dedo mindinho, isso ajuda muito.
Toda essa trabalheira é para que em um futuro próximo, você seja reconhecido e tido como salvador, um quase líder, uma referência rouca de esperança.
Sendo assim, já está quase na hora de montar um sindicato, e representar seu esquadrão de injustiçados (eu sei que isso não é uma tarefa fácil, mas acredite, não falha).
Agora já com seu sindicato cuidando dos direitos dessa classe tão mal representada, é hora de mostrar que eles têm direitos, e que esses direitos não devem ser descumpridos.
Por isso, promova reuniões com os industriais, com os governantes, com a imprensa, com a igreja e até com a polícia se assim fizer necessário.
Agora sim, você já está quase lá.
Nesse momento, você já se transformou praticamente em um salvador, o enviado de Deus; já está mais que na hora de candidatar para representar sua massa de proletários no ponto mais alto da escala do poder, A tão querida Presidência da República.
A primeira providência a tomar, é fundar um partido; um Partido que realmente lutará pelos direitos dos Trabalhadores.
Com o partido fundado, filie todo o seu exército, iluda-os o Máximo que puder; faça discursos contra a direita; diga que eles lutam pelos interesses dos patrões; diga que eles não sabem o que é pobreza e que não viveram na pele as dificuldades.
Lembre-se, faça toda essa pregação sempre exaltando o seu mais novo partido, mostrando que ele é exatamente o contrário, e que sempre lutará pela causa dos trabalhadores.
Para mostrar toda a sua vontade de ajudar o povo, mostre que é igual a eles, peça a ajuda de todos, diga que sem eles você não conseguirá representá-los.
Vá para as ruas com seu exército de injustiçados para iludir mais eleitores, mostre para a nação que você e seu partido é a última esperança de mudança.
Agora que você já está bastante conhecido, todos clamam por ti, e sua eleição vai indo de vento em polpa; prometa isso, prometa aquilo, não importa o que prometer, apenas prometa.
Infelizmente não será fácil você vai tentar uma vez, duas vezes e não vai conseguir, mas não desista, você é a esperança lembra, a última esperança.
Vendo suas chances descerem pelo ralo, eis aqui a última solução: Aliança.
Faça discursos para seu exército de proletários; explique a vantagens das alianças, diga que isso trará mais benefício a eles do que se chegar a ser eleito sozinho; diga que agora sim, até os poderosos estão lutando pela nossa causa.
Depois de tantos esforços, finalmente você conseguiu; agora só falta governar, só que você passou toda a sua vida tentando se eleger para representar o seu povo, e não teve tempo de estudar, e agora não sabe o que fazer.
Só que para isso tem uma solução perfeita; lembra dos homens fortes que com certeza tem no seu partido? Lembra das suas fantásticas alianças que te fizeram chagar onde você está? Lembra?
Então porque se preocupar, nobre presidente; deixe tudo nas mãos deles; eles farão um bom trabalho; diga a eles para não se esquecerem dos trabalhadores; tenho certeza que esses homens de sua inteira confiança, nunca irão esquecer dos direitos da nação que o elegeu.
E quanto ao senhor, querido presidente, fique olhando os trabalhadores, de algum cantinho aí da sua sala; mas não se esqueça; olhe sempre por cima dos Estado, para não ocorrer possíveis comoções, e acessos de tristeza e arrependimento.
Como se a ignorância permitisse arrepender.
* Estudante do curso de Jornalismo da Funorte