José Wilson Santos
Jornalista
zewilsonsantos@hotmail.com
Justamente já dei muito trabalho às zagas com a famosa canhotinha de ouro, tanto em quadra quanto no campo. Dos dois gols marcados na minha gloriosa carreira, só um foi contra. Portanto, tenho cinqüenta por cento de aproveitamento e estou bastante apto a tecer alguns comentários quanto ao trabalho do doutor Adilson Batista à frente do nosso glorioso Cruzeiro.
Doutor Adilson Batista chegou da terra dos samurais com fama de estudioso do esporte bretão e tá se achando.
Grande coisa!
Estudioso de futebol no Japão! Tem graça um trem deste? Em terra onde os caras jogam de olhos quase fechados, qualquer cabeça-de-bagre com um olho bem aberto é rei.
Comigo não, violão! Por aqui o buraco é mais embaixo. Não digo que o doutor Adilson Batista deva cursar o mobral do futebol, porque afinal ele ganhou dois Mineiros, o que pessoalmente me permite encher o saco do amigo Attílio.
Mas dirigir o Cruzeiro apenas pra faturar Mineiro é pouco. Penso que devemos somar auxiliares de peso ao doutor Adilson Batista. Portanto, indicamos nova comissão que obra em competência e supimpitude: Arnaldo Brasil de assistente técnico, Tavares da Copasa de relações públicas, o esbelto Robertinho Buiú, que só este ano já foi duas vezes à academia, de preparador físico, e Garrinchinha de sapateiro — porque um outro problema é colocar o pé de boa parte do pessoal na forma.
É o caso de o doutor Adilson Batista aprender com este quarteto, por exemplo, que time de futebol só atua convincentemente quando dispõe de jogadas ensaiadas e o famoso conjunto, que vem a ser o bom e velho entrosamento. No tempo de Brasil dava-se passes de 50 metros, de cabeça baixa, porque se conhecia de cor e salteado a movimentação dos companheiros.
Jogar junto é o código. É uma coisa tão óbvia que a gente não entende porque o doutor Adilson Batista dificilmente repete a mesma formação. E mexe de forma tão esquisitona, que dia desse o goleiro Fábio estréia de atacante e Juan Pablo Sorin de goleiro.
Convém lembrar que por domingada bem menor o bom e velho Garrincha, de saudosa memória no glorioso Ateneu, foi dispensado sem aviso prévio pela exigente torcida.
Como doutor Adilson Batista, Garrinchinha também não deu bola pro conjunto: no seu caso o conjunto formado pela área, a trave e os companheiros doidinhos da silva pra cabecear e empatar a peleja. No cruzamento a lá Felipão Scolari, deu uma injeção na criança e mandou a pelota na arquibancada. Resultado: ao som de “tira esta josta daí”, a torcida mandou Garrincha pras cucuias.
Ele até tentou dar um ‘plá’, bater uma ‘caixa’ com a galera, mas não adiantou. Amargou um pitão da roça do saudoso Marcelino e um ano no banco de reservas.
No Mineiro, só porque o Galo ganhou a vantagenzinha de jogar por dois empates na grande decisão, até Copinho, único americano que conheço pessoalmente depois do velho GD, travestiu-se de atleticano e deu pra gozar da nossa cara. Agora, com os dois a zero do Náutico, domingo passado, lá vem os caras de novo.
Putz grilo! Pode um trem deste? Capricha aí, doutor Adilson!