Manoel Hygino
Pesquisa mostra que brasileiros gastam mais com o automóvel do que com alimentação. O carro significa uma segunda família e pouco importa, quando alguém se convence de que ele não é mais artigo de luxo, mas eficiente meio de locomoção, mesmo com o caótico atravancamento das ruas e o intenso e criminoso tráfego nas estradas precárias e mal conservadas.
Que se cuidem, porém, os proprietários de veículos automotores!
Vem aí um aumento nos preços dos combustíveis, indesejado por todos, mas indispensável diante das circunstâncias adversas e do mercado de petróleo. Marcado para este mês, o aumento foi transferido, mas é irremediável, e o Banco Central assegura que acontecerá até o final deste ano. Que se preparem os bolsos! A Noruega tem a gasolina mais cara do mundo, segundo dados apurados no terceiro trimestre deste ano: lá, o litro do combustível custa o equivalente a R$ 6,03. A brasileira é a 39ª mais cara, custando em média R$ 3,34 o litro. Na Venezuela, é quase de graça, valendo em média R$0,03. Pela ordem, os dez países onde ela mais cara: Noruega, Turquia, Itália, Grécia, Portugal, França, Hong Kong, Suécia e Bélgica.
Também neste ano virá um reajuste do gás de cozinha. Melhor agora porque, em 2014, ano de eleição, não é bom falar nessas coisas. Outubro é simbólico, da Revolução Russa, com a seguinte entronização dos comunistas, e a Revolução de 1930, no Brasil. Mas também será neste mês o primeiro leilão do campo de petróleo e gás natural extraído da camada pré-sal, em Libra, que tanto serviu à eleição presidencial. Depois, o reajuste anunciado...
Aliás, nunca a Petrobrás precisou tanto de recursos para seu caixa, que terá de bancar um ambicioso programa de investimentos. Pelo menos, vai arrefecer o mal-estar causado pela espionagem de uma agência de informações dos Estados Unidos, supostamente envolvendo a empresa. Embora desmentida por seus dirigentes, a manobra foi referida pela Presidenta, irada, como demonstrou no discurso na ONU.
No fundo, porém, não há novidade. O cidadão paga pelos benfeitos e malfeitos dos governantes, na maioria das vezes sequer percebendo. É o caso da bondosa redução nas tarifas de consumo de eletricidade. Desde agosto, o contribuinte começou a pagar as indenizações devidas pelo governo federal às empresas do setor que aderiram ao pacote generoso de diminuição nas contas de luz.
Sobra sempre para o homem deste país, geralmente acomodatício, mas já se revoltando com a insensibilidade de seus governos. Há risco!
