Por Manoel Hygino
Setembro chegou, no Brasil. Mas não há perspectivas de flores, cores e felicidades. Antes pelo contrário. Em 2009, o presidente Barack Obama iniciara uma fase de relações com Damasco, mediante diálogo direto. A embaixada do Tio Sam estava vaga desde 2005, mas recebeu, em fevereiro de 2010, um novo titular parecendo que tempos mais amenos se vislumbravam.
Apenas parecia. Em maio, Washington renovou as sanções econômicas, acusando a Síria de fornecer mísseis ao Hezbollah, grupo extremista libanês. E havia mais: que o país receberia do Irã um sofisticado sistema de radar. A situação, nunca tranquila neste século naquela região, piorava.
Em 31 de agosto de 2010, o presidente americano anunciou nos jardins da Casa Branca: “Estamos prontos para atacar (a Síria), quando decidirmos”. Era o momento mais grave das discordâncias do Ocidente com Damasco, após uma guerra civil com mais de dois anos e mais de cem mil mortos.
O ápice das divergências foi o ataque químico de 21 de agosto, quando mais de 1.400 pessoas foram mortas com armas químicas em um subúrbio da capital síria. Obama foi claro e direto: “nossas forças militares têm recursos preparados na região. Estamos prontos para atacar quando decidirmos”. Mas foi cauteloso, não quis assumir a responsabilidade sozinho. Esperaria uma posição do Congresso antes de desencadear a ação.
Desta vez, o Reino Unido não estará ao lado de sua antiga colônia: o Parlamento britânico não aprovou. A França ficou também de ascultar deputados e senadores.
Putin apelou a Obama, como Prêmio Nobel da Paz, para meditar sobre o problema. O uso de arma química não era senão provocação daqueles que queriam ganhar apoio dos países poderosos para intervir na região. O primeiro-ministro sírio, Wael Al-Healqi, desafia. Seu país está com o dedo no gatilho para contrapor-se ao ataque ocidental.
Moniz Bandeira, um professor mineiro de política externa, esclareceu: “O que estamos assistindo é, na realidade, a uma tragédia grega, em que todos os atores sabem o que vai ocorrer, todos dizem querer evitá-la, porém, cada qual faz exatamente o que é necessário para que ela aconteça”.
Lá pelos anos 1980, o Bhagwan Sheree Rajneesh denunciava: o orçamento anual militar do mundo resulta em US$ 1 milhão; o poder explosivo do arsenal de bombas equivale a um trilhão de bombas de Hiroshima. Era uma advertência.
