Adriano Souto


Editor-adjunto de Política do Hoje em Dia

Veterano jornalista político pensou muito, ao ser indagado: continuar ou mudar a Prefeitura de Belo Horizonte? Preferiu olhar a questão pelo seu lado cidadão, como morador. O que será melhor para a capital de todos os mineiros? Ele ainda não respondeu. Está indeciso. No segundo turno. Pode mudar o voto dado no primeiro turno, ou não. Como ele, existem muitos eleitores. Afinal, este grupo hoje encastelado na Avenida Afonso Pena está ali há quase 16 anos. Está dando certo? A continuidade é boa para BH? Pode ser que sim, ou não. Existem dúvidas? Existem, e muitas.

Na parte que me cabe, não gostaria, por exemplo, como usuário, de mudar a rodoviária para o Calafate. Para quem vem do interior ou de outro Estado, a rodoviária é ponto de referência. O que faria o usuário do interior lá no Calafate, de madrugada? Quintão disse ser contrário à mudança. Lacerda, agora, admite rever sua posição.

Este é apenas um problema. O da saúde, é outro. Aqui, deste espaço, antes do início da campanha eleitoral, escrevi que um morador da Barragem Santa Lúcia, de nome Zé, havia se acidentado e estourado o joelho. Ganhou apenas alguns antiinflamatórios. Ele precisa de um exame de alta complexidade, uma ressonância magnética. Na primeira coluna que citei o caso, indaguei se pelo menos em plena campanha política o Zé iria conseguir o exame. Uma semana antes do primeiro turno, no início de outubro, citei o caso novamente. Até hoje, ele não conseguiu. Indago de novo: conseguirá até o segundo turno, nas próximas duas semanas?

Mudar uma equipe que, bem ou mal, está trabalhando há 16 anos pode também ser um problema. Até que os novos cheguem e entendam como funciona uma prefeitura, vai demorar. Portanto, não é fácil decidir: mudar para chacoalhar, correndo o risco de o tiro sair pela culatra, ou cobrar mais eficiência de quem pode estar acomodado?

MONTES CLAROS

Como o repórter Girleno Alencar havia antecipado, ontem o deputado Ruy Muniz, do DEM, oficializou apoio ao prefeito Athos Avelino Pereira (PPS), candidato à reeleição, que disputa o segundo turno contra o deputado Luiz Tadeu Leite (PMDB). Ruy começou bem cotado, mas gastou muita energia para conseguir a legenda em negociações com o ex-prefeito Jairo Ataide Vieira, que controla o diretório municipal do DEM. Depois, foi atropelado pela baixaria de adversários com uma antiga denúncia contra ele, envolvendo sua prisão após um desfalque no Banco do Brasil, assunto, aliás, que Ruy fez questão de abordar e explicar no seu primeiro programa de TV. Ruy quer apoio para se reeleger deputado estadual, fazer novas filiações, dominar o diretório do DEM e ser candidato a prefeito em 2012.

Ruy foi sozinho. O resto da aliança está com Tadeu, a começar pelo candidato a vice, Sebastião Pimenta (PDT), irmão do deputado estadual Carlos Pimenta, que negociou a secretaria de Ação Social, da qual já foi titular. O deputado estadual Gil Pereira (PP), cuja esposa, Cristina, é candidata a vice-prefeita na chapa com Tadeu, indicou a vereadora não reeleita Fátima Macedo para a Secretaria da Educação, e o ex-diretor do Hospital Universitário Geraldo Edson para a secretaria da saúde. O ex-deputado federal Wilson Cunha vai comandar a Esurb, a estatal municipal de obras.

Tadeu quer nomear ainda três vereadores. A cunhada de Jairo, a vereadora eleita Rita Ataide (PSDB), ocuparia uma secretaria, deixando espaço para o vereador não reeleito Rosemberg Medeiros. Ildeu Maia (PP), vereador mais votado (3.712 votos), seria o secretário da Agricultura, puxando Júnior Samambaia (PP) para a Câmara Municipal. O terceiro seria Athos Mameluque (PMDB) como secretário de Segurança, abrindo vaga na Câmara para Idelfonso da Saúde (PMDB).