Dário Cotrim

Usos e costumes nossos

23/04/2022 às 00:01.
Atualizado em 23/04/2022 às 10:27

Para que possamos analisar os nossos usos e costumes, do dia a dia, é necessário compreender um pouco mais do nosso folclore. A palavra folclore vem do inglês folk-lore e significa sabedoria popular. Foi criada por William Thomas em carta publicada no dia 22 de agosto de 1845. Folclore é, portanto, a ciência humana e social que estuda os fatos e as relações, os processos e as realizações de um grupo social. Partindo dessa premissa, todos nós fazemos parte dessas manifestações, também chamadas de cultura popular. Pois são os costumes e as crenças que a tradição vem conservando até os dias atuais, fazendo parte na vida deste ou daquele outro grupo de pessoas a quem nós denominamos de povo.

E o que ficou da cultura material do passado (dos nossos índios) em todo território nacional? Muita coisa! Na cerâmica temos as peças de cozinha: os potes, as bilhas, os pratos e as panelas e, ainda, os utensílios domésticos. No uso das raízes comestíveis, como a mandioca (aipim) e o inhame, ficaram os costumes alimentares que utilizamos até os dias de hoje. Além disso, o milho e o fabrico da farinha de milho e da mandioca. Entretanto, a técnica de conservação dos alimentos, como a utilização do moquém – grelha de varas onde se põe carne ou peixe para secar – deixou de existir com o advento da geladeira e dos conservadores de igual importância.

Não obstante os índios terem conquistado os meios de moldar o barro, muito embora de forma bastante rudimentar, os processos conhecidos da arte de fabricar objetos utilitários são usados até os dias de hoje. Ademais, os negros trouxeram do continente africano algumas técnicas diferentes de moldar e que foram adaptadas ao nosso meio. Assim, trouxeram conjuntamente, os negros escravos, as comidas típicas com bastante pimenta, isso sem falar da contribuição dos europeus, que de alguma forma, ou de outra, modificou os hábitos dos nossos índios, em todos os contextos de suas vidas. Posteriormente, imigrando de outros países como a Itália, a França e a Alemanha, esses europeus deram nova contribuição ao nosso folclore, tornando-o muito mais complexo e muito mais rico.

A cerâmica popular existe, até a esse tempo e, em escala ascendente, o que pode ser encontrada nas feiras livres das pequenas cidades do interior norte-mineiro. A propósito, a cerâmica popular pode ser dividida em dois grupos: a cerâmica utilitária (potes, moringas, talhas, bilhas e panelas) e a cerâmica figurativa (imagens de santo, animais, aves, presépios e diversas outras formas). Nos vales do Alto Rio Pardo e do Jequitinhonha estão as mais autênticas cerâmicas, exatamente as que foram originadas do índio pataxó. Há, todavia, os achados arqueológicos da cerâmica marajoara, considerada as mais importantes, pois elas datam em alguns séculos de existência antes mesmo da nossa terra ser descoberta. 

O artesanato não é só a cerâmica, senão outros objetos de igual valor. Inclusos estão, ainda, as redes de dormir, fabricadas com fios de algodão e que são muito comuns no nordeste brasileiro. Os mais variados bordados em almofadas de bilros e, também, as belíssimas rendas do Ceará. As vassouras e os chapéus de palha, esses acessórios ainda são feitos aqui mesmo, pelas artesãs do barro de nossa região. Os vestuários de couro cru para os vaqueiros da caatinga baiana e do cerrado mineiro, como também os jamxis, que são os cestos que o povo amazonense utiliza para carregar, às costas, o mantimento de um ou de outro produto qualquer.

Vamos conhecer essa riqueza cultural do nosso povo no Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros, pois lá está todo o acervo do saudoso folclorista Saul Martins, uma doação de sua família.

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