Dário Cotrim

Uma lição de vida

Publicado em 15/12/2023 às 19:00.

Nos anos sessentas, exibia-se no Cine Teatro Fátima os melhores filmes já produzidos no cenário cinematográfico da indústria hollywoodiana daquele intervalo de tempo. Lembro-me muito bem, e com muitas saudades até, do filme Dio Come Ti Amo, que encantou uma juventude inteira com o seu drama romântico e a belíssima canção que lhe emprestou o nome para titular a película. Nesta mesma época vieram muitas outras películas cinematográficas com sucesso garantido de bilheteria. Dentre elas, não podemos deixar de citar aqui, com uma pontinha de saudade, o espetacular filme de suspense Madame X, estrelado por Lana Tuner, John Forsythe, Ricardo Montaban, Burgess Meredith e muitos outros. Este filme foi apresentado, várias vezes, na mágica “telona” do imponente Cine Teatro Fátima, isso por volta do ano de 1968. O cinema era, por assim dizer, a única opção de lazer dos jovens daquela época. Usava-se expor os cartazes dos filmes programados, pendurados nas paredes das casas comerciais e em lugares privilegiados da cidade. Até hoje, podemos ainda presenciar um velho expositor na Rua João Souto esquina com a Rua General Carneiro. Do mesmo modo, o saudoso Diário de Montes Claros publicava todas as novidades cinematográficas para a semana seguinte. Havia panfletos que eram distribuídos na portaria dos cinemas e aos transeuntes no centro da cidade. Muitos desses panfletos eu ainda os tenho guardados nos meus arquivos de reminiscências. Para os jovens dos anos dourados, o cinema era uma diversão sem competição! Por outro lado, a magistral sala de cinema tornava-se um ponto de encontro para os jovens namorados. Era, por assim dizer, um lugar íntimo, sem drogas e sem a pecaminosidade dos tempos que hoje se fazem. Um lugar sublime – até sagrado – onde a emoção de um doce beijo e a comoção de uma triste cena se abraçam num momento de plena felicidade. Os filmes tinham essa qualidade de emocionar pessoas. Por isso, a película Madame X já fez muita gente “durona” chorar, emocionalmente é claro e isso há mais de quatro décadas.  A sinopse do filme Madame X conta que Holly casa-se com Clayton Anderson, milionário, com aspirações políticas. Na festa de seu casamento conhece Phil Benton, playboy, por quem acaba se apaixonando quando seu marido se ausenta no Norte da África. Quando Clayton retorna, Holly resolve terminar tudo com Phil Benton. Acidentalmente Phil morre e Holly, chantageada por sua sogra Estelle, abandona o marido e filho. Dada como morta, Holly em sua peregrinação desce ao submundo das drogas, viciando-se em absinto. Depois ela conhece Dan Sullivan, a quem numa bebedeira conta quem é. Dan aproveita-se da situação e começa a chantageá-la. Para não permitir que seu passado venha à tona ela então mata Dan e a partir daí, passa a ser conhecida como Madame X, sendo defendida por um advogado jovem e idealista que sente por ela um grande afeto. O misterioso fim do filme certamente leva o expectador às lágrimas. É sempre assim. Experiência que eu mesmo experimentei várias vezes. Não há efeitos especiais e nem cenas que venham prender o expectador numa poltrona sem formas. Não! Madame X não tem nada de extraordinário senão o sentimento e a dor de uma mulher. Talvez, a dor de uma santa-mãe, incompreendida, injustiçada, em busca do tudo e do nada. O drama foi concebido com o coração e com a alma do produtor e que teve a divina providência da paciência e da dedicação do seu diretor: David Lowell Rich. Portanto, para os cinéfilos inveterados, aí está uma boa pedida de repeteco. Assista ao filme mais uma vez e se ainda não o assistiu, que o faça agora. Um bom entretenimento!

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