Dário Cotrim

UMA DÚVIDA DE CADA VEZ

Publicado em 22/11/2023 às 01:25.

Não se sabe com certeza o fim do Governador das Esmeraldas, o bandeirante Fernão Dias Pais. Pois as dúvidas sobre o seu jazigo ainda pairam nas narrativas históricas de Minas Gerais e São Paulo. Bem haja que o Tratado de Tordesilhas foi por ele esticado para o oeste até os elevados andinos e somente depois de 1750, em que se harmonizaram, em definitivo, as duas majestades em conflito, a lusa e a espanhola, foi que os limites determinados pelos bandeirantes passaram a ser reconhecidos. Hoje o território brasileiro é um patrimônio do seu povo.
É sabido. Entretanto, que os mais influentes historiadores de nossa terra – Diogo Grasson Tinoco, Domingos Cardoso Coutinho, Cláudio Manoel da Costa, Pero Taques se Almeida, Silva Leme, Simeão de Vasconcelos, frei Vicente do Salvador, Gaspar da Madre de Deus, Gabriel Soares de Souza, Gandavo, Diogo de Vasconcelos, José Joaquim da Rocha e os nossos Simeão Ribeiro Pires, Hermes de Paula, Urbino Vianna, Nelson Vianna, Leonardo Campos e eu, inclusive, sempre tivemos as nossas dúvidas sobre o paradeiro dos restos mortais do bandeirante Fernão Dias Pais. Já ouvir muitas histórias, mas nunca delas tive a certeza de seus verdadeiros acontecimentos. Portanto, a pergunta ainda insiste em saber onde mesmo foi sepultado o maior desbravador da hinterlândia mineira.
Nota-se que, quanto ao local do sepultamento de Fernão Dias Pais, três são as versões até hoje sustentadas nos estudos de pesquisas e trabalhos escolares nas universidades, pelos atuais pesquisadores. A primeira delas afirma ter sido o corpo do ilustre bandeirante, “depois de morto ainda o perseguiram as calamidades, tendo padecido naufrágio no rio das Velhas e sendo o corpo encontrado muitos dias depois, a diligências do filho Garcia Rodrigues” que depois de inumado o seu filho o transportou para sepultamento no Mosteiro de São Bento, em São Paulo. Vejamos, porém, que depois foi transferido para a catedral da Sé. Numa segunda versão, os mineiros mais arrojados como Simeão Ribeiro Pires e Leonardo Campos, disseram com convicção que Fernão Fias Pais foi sepultado no altar da Igreja de Pedras Senhor Bom Jesus do Matosinho, na Barra do Guaicui. Sabedor, como deveria ser, da existência do naufrágio do corpo nas águas do rio das Velhas, a tradição popular acreditava que os peixe (piranhas) o devoraram em pouco tempo. 
“É essa, aliás, a única alegação que nos parece certa, referida, embora, uma só vez pode a Câmara de Parnaiba, mas que se pode ter por verdadeira, dada a segurança com que atesta a Câmara Paulista, documentos mandados para Lisboa naquele momento”
Fernão Dias Pais já de muito tempo se preocupava com o descanso de sua alma depois de sua morte. Ora, tudo isso pode identificar outras quaisquer relíquias, menos a de Fernão Dias Pais, senão fosse a sua vontade explicita em documentos deixados à época. Sabia-se que o fato da existência do sepulcro na Abadia de São Bento, constitui, quando muito uma homenagem ao bandeirante, aliás, já ainda em vida e como tal merece continuar cultuada e venerada como até hoje se faz o povo brasileiro.
Fernão Dias nasceu em São Paulo e morreu na Quinta do Sumidouro, em 1681. Foi um bravo bandeirante paulista e ficou conhecido como “O Caçador de Esmeraldas”. O certo é que as pedrinhas verdes não eram esmeraldas, pelas quais houve tantos sacrifícios para conseguir em Itacambira, elas foram entregues mais tarde a seu filho Garcia Rodrigues, e também o então capitão e genro Borba Gato, que assumiu a chefia da bandeira.

Compartilhar
Logotipo O NorteLogotipo O Norte
E-MAIL:jornalismo@onorte.net
ENDEREÇO:Rua Justino CâmaraCentro - Montes Claros - MGCEP: 39400-010
O Norte© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por