Dário Cotrim

Trilobitas e coprólitos

Publicado em 11/11/2022 às 23:06.

Pesquisando no manual da Contribuição ao Estudo de Helmintos encontrados em material arqueológico no Brasil, do professor Adauto José Gonçalves de Araújo, constatamos citações dos achados de coprólitos e trilobitas na Lapa Pequena, localizada no município de Montes Claros.  

Para melhor compreensão, anotamos do Wikipédia que “os coprólitos (do grego antigo kopros e líthos ) são fezes conservadas naturalmente pela dessecação ou mineralização (um tipo de processo de fossilização), geralmente provenientes de seres vivos pré-históricos, já extintos.  

Os coprólitos podem manter vestígios físicos ou mesmo moleculares do que compunha a dieta (e estava presente nos intestinos) dos seres vivos que os originaram”.  

Do mesmo modo, sobre as trilobitas que “são os artrópodes característicos do paleozoico conhecidos apenas através do registro fóssil.  

O grupo, classificado na classe trilobita da sub-classe trilobitomorpha, é exclusivo de ambientes marinhos”. Nota-se que nas afirmações das origens das palavras acima referidas, apenas figuram neste contexto para mostrar a importância do Museu Leonardo Campos, no Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros, haja vista que três amostras das trilobitas e uma do coprólitos estão expostas nele, para conhecimento dos estudantes e de seus professores.

Segundo o pesquisador Adauto José, alguns coprólitos, enviados para o Museu de História Natural da Universidade Federal de Minas Gerais, foram coletados na Lapa Pequena, em Montes Claros, todos de níveis pré-cerâmicos de caçadores-coletores, provavelmente não horticultores, com indústria lascada de quartzo e sílex e, com datações para o sítio da Lapa Pequena entre 7.000 a 8.000 anos a.C.  

O exemplar de um coprólito, contido no Museu Leonardo Campos, tem a cor escura semelhante à terra preta e mede em torno de 2cm, de forma arredondada.

Os coprólitos são agrupados para estudos, segundo Heizer & Napton, em dois momentos: os mineralizados, quando o objeto é transformado em minério pela ação do tempo e aqueles preservados em estado orgânico.  

Esses estudos estabelecem ainda que o método mais preciso é a análise da paleo-ecologia humana. Simeão Ribeiro Pires e José Alves Macedo não tiveram a mesma curiosidade que habitava na alma do paleólogo Leonardo Campos, porque, cuidadosamente, nada lhe escapava para ser observado e analisado, mesmo se a insignificância histórica do achado fosse sem interesse para a antropologia montes-clarense. Entretanto, foi a partir dessas análises, em fezes antigas, que Leonardo Campos conseguiu encontrar parasitas de origem não humana, como sendo os excrementos fossilizados de animais.  

Também, nos casos dos coprólitos humanos, foram encontrados helmintos, que são “vermes”, ou os metazoários de vida livre ou parasitária. 

Finalmente, o fulgente e considerável trabalho arqueológico contido no acervo do Museu Leonardo Campos é muito importante para o resgate e a preservação dos sítios existentes em nossos munícipios.  

Podemos dizer, entretanto, que antes de mais nada a região de Montes Claros e dos municípios adjacentes eram tão somente um imenso mar de água salgada, haja vista que as trilobitas daqui são originados de ambientes marinhos.  

Por outro lado, os fósseis pré-históricos existentes nas grutas de Coração de Jesus atestam com real clareza a riqueza arqueológica do Norte de Minas; isso só basta para que o nosso trabalho, na construção de um Museu de antropologia e etnologia, seja encarado com responsabilidade, para o bem comum do nosso povo.

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