Dário Cotrim

O meu livro: Vênus de Willendorf

Publicado em 23/09/2022 às 22:59.

Assim como o ilustre poeta Carlos Drummond de Andrade confeccionou apenas dois exemplares do seu livro: O Amor Natural, também nós estamos fazendo o mesmo com Vênus de Willendorf, não para imitá-lo, mas para preservar a nossa criação poética da maledicência dos maus leitores, daqueles que confundem a beleza dos momentos eróticos com a leviandade da pornografia. Nesta oportunidade, enquanto a luz bruxuleia, lançamos mãos das palavras do acadêmico Affonso Romano de Sant’Anna para identificar o nosso trabalho no restrito universo da poesia eroticamente bestialógica. “Este é um livro que perturbará a alguns, decepcionará outros e em outros mais reafirmará a admiração” pelo que produzimos. 

Este é, pois, um livro de várias facetas: do primeiro momento, quando o amor sobrepunha o sexo, não pela paixão, mas pela admiração, ele é inocentemente um livro metido a sexy. No momento seguinte, quando os nossos olhos saltam da admiração para descobrir os verdadeiros prazeres do sexo; é totalmente erótico e finalmente, quando o homossexualismo (ainda preconceituoso) é cultuado por uma boa parte da sociedade e rejeitado por outra, nele eu apresento um conjunto de poemas bocageanos com os seus textos conscientes nas novas vertentes do amor livre. Importante é a afirmação de Malherbe: “Deus que se arrependeu de ter feito o homem nunca se arrependeu de ter feito a mulher”, desta forma cultuamos a nossa admiração aos encantos da mulher nua, desde a beleza primitiva da Vênus de Willendorf até as revelações primorosas das messalinas exaltadas nos poemas de J. G. de Araújo Jorge, Carlos Drummond de Andrade, Vinícius de Morais, Baudelaire, Lorenzo Stecchetti, Paul Verlaine, e as tziganas de Di Cavalcanti e Jorge Amado. 

Vênus de Willendorf é um título que por si só já sugere erotismo. O professor Lázaro Francisco Sena, prefaciando o meu livro Doce Encanto anotou a seguinte observação: “é uma seleta de poemas eróticos, onde o autor explora um sensualismo bem-comportado, sem descair para a lascívia, a lubricidade, ou até mesmo a pornografia”. Afirma ainda o professor Sena que a minha poesia “é a consagração do seio da mulher amada como fonte de inesgotável prazer e de paixão, traduzida em linguagem pura, de versos cheios do mais puro amor”.

Entretanto, aqui em Vênus de Willendorf, extrapolamos alguns desses limites, com os olhos de ônix, assim como fizeram Bernardo Guimarães e Carlos Drummond de Andrade, tudo em razão das verdadeiras poesias eróticas, aquelas desaconselhadas a qualquer perversão dos leitores mais afoitos. Com o romantismo ingênuo, quer dizer: a moda antiga, nós procuramos dar um toque de realismo nos textos para aguçar a curiosidade dos leitores até o fim de sua leitura.

Uma coisa, porém, tornou-se inquieta a alma dos poetas: a forma física da mulher. Sua beleza exterior, e em particular as formas virginais dos seus seios. O sorriso de Mona Lisa quando em consonância com o olhar magnetizado do momento. As formas sensuais da boca contornadas pela cor rubra da paixão e ainda mais, o andar enigmático, processo singular das mulheres, que somente a elas é dado o direito de assim proceder. É a mulher nua que inspira as mais exóticas poesias de amor. Ainda, assim, as situações mais significativas da erogenidade do ser humano residem nelas. Ela é a musa eterna de tudo que é sonho. Musas das fantasias sexuais veneradas por cada um dentro dos limites de suas convicções próprias.

E é por entre as mais vivas emoções, do amor e sexo, que neste festival de palavras dedicadas somente aos encantos da mulher nua, é que nós esboçamos, em largas pinceladas, tudo aquilo que adoramos e cultuamos nos momentos mais íntimo de nossas vidas: o verdadeiro desejo de amar, amar com intensidade o corpo mágico da mulher desejada. É, bem verdade, que nós transformamos em poesias expressivas as nossas impressões recolhidas das noites vividas, entre o copo de cerveja e o beijo furtivo das risonhas raparigas, aquelas de seios firmes e avantajados, e todas elas de resplandecentes olhos, sempre ávidos dos desejos enlouquecidos e devassos, uma alma gentil feita apenas para o amor das noites perdidas. Um dia pensei eu comigo: só há um meio de não morrer de tédio, o de escrever poesias, poesias eróticas se possível, para que os seus encantos de mulher nua nos encantam também. 

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