Dário Cotrim

O Famoso Bandoleiro

19/03/2022 às 00:05.
Atualizado em 21/03/2022 às 09:06

O cordelista Rodolfo Coelho Cavalcante, baseado nos livros de Saul Alves Martins (Antônio Dó: o famoso bandoleiro do rio São Francisco) e Manoel Ambrósio Alves de Oliveira (Antônio Dó: o bandoleiro das barrancas), escreveu a história do maior bandoleiro norte-mineiro, Antônio Antunes de França, vulgo Antônio Dó, em cordel, detalhando as suas investidas contra o povo ordeiro do São Francisco. É uma narrativa interessante, curiosa e cheia de situações vividas perigosamente no cerrado mineiro, principalmente na cidade de São Francisco, nas beiradas do rio que lhe empresta o nome. Afinal, quem foi esse Antônio Dó?

Muito bem! Antônio Dó foi um trabalhador rural, que vivia do roçado de grãos e do que mais a terra lhe pudesse prometer. Criava o gado vacum e algumas vacas leiteiras, nos currais sem cercas, para o sustento exclusivo de sua família. Foi duramente atacado pela inveja e pelo ódio dos seus inimigos. O livro de Saul Martins, sobre a vida perigosa de Antônio Dó, traz a verdadeira história de um homem aguerrido no seu trabalho e que foi injustiçado por ser uma pessoa honesta e temente a Deus. Até no último momento ele conheceu o gosto da traição, quando foi abatido como um animal feroz, em sua própria casa. Antônio Dó nasceu no ano de 1859, na cidade de Pilão Arcado, no Estado da Bahia, de onde veio para a hinterlândia januarense. Em pouco tempo ele construiu um razoável patrimônio rural, e logo depois se envolveu em questões de briga por divisões de terra. Preso por trinta dias, ele foi maltratado cruelmente, isso na mesma época em que um de seus irmãos foi morto e o seu gado era roubado por ladrões. 

A partir desse desencontro, ele passou a atacar fazendas e povoados. Antônio Dó era um homem justiceiro e vingativo. As suas atitudes de cabra corajoso lhe proporcionou uma condição de continuar vivo, mesmo sabendo que a morte a todo instante lhe rondava impiedosamente. Nota-se que o escritor Manoel Ambrósio foi o primeiro a escrever as suas desventuras, enquanto isso, os escritores Brasiliano Braz e seu filho Petrônio Braz, registraram em livros, a saga heroica do bandoleiro do rio São Francisco com muita perfeição e extrema competência. 

Da literatura para a sétima arte foi um pulo. Em 1980, a história do famoso bandoleiro foi apresentado nas telonas do cinema em todo território brasileiro. Na sinopse do filme de Paulo Leite Soares, que teve a participação impecável dos autores Luiz Linhares, Nelson Xavier e Roberto Bonfim diz que “Antônio Dó, um pacato fazendeiro da cidade de Januária, é preso e humilhado por um chefe político local. Revoltado com a opressão sofrida não só por ele, mas pelos habitantes da região, Dó forma um bando armado que, por mais de 10 anos, combate os governantes corruptos na localidade”. Ainda, neste sentido, é aguardado, com muita ansiedade, outro filme: “A saga de Antônio Dó”, que foi produzido por ilustre escritor Dr. Petrônio Braz. 

“Desfiando o rosário de tragédias que envolveu a trajetória de Dó pelas malhas insidiosas do sertão bruto, pôde Manoel Ambrósio descarregar quantas amarguras e desgraças saboreara ao longo de sua luta contra a hipocrisia, a prepotência e a arbitrariedade, luta inglória e aniquilante dos iluminados contra a mediocridade enraizada nos cérebros obscuros e nas almas pútridas”. Ainda há muito o que se falar sobre a vida e morte desse famoso bandoleiro. No Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros o prezado leitor encontra todos os livros sobre o bandido-herói Antônio Dó, Vai lá!

(*) Diretor de Museu do IHGMC

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