Dário Cotrim

O DIA DOS AVÓS

Publicado em 22/07/2022 às 22:24.

O Dia dos Avós é comemorado no 26 de julho de cada ano. Não é um dia qualquer do nosso calendário tradicional, senão o dia de homenagearmos os pais dos nossos pais. O sagrado Dia dos Avós, ainda um pouco inibido para muitos, não pode passar despercebido do seio familiar, haja vista a sua importância do contexto social e cultural do nosso povo. Os pais dos nossos pais são os entes queridos para quem, por direito e devoção, devemos render as mais singelas homenagens de amor e de carinho, pelo muito que contribuíram, e ainda contribuem, na formação dos casais em Cristo e no devotamento educacional dos descendentes familiares. Na história, este dia é empregado para lembrar o alentado amor de São Joaquim e da Santa Ana de Nazaré na conservação da família e na renovação da fé naquele que arquitetou a construção de um mundo novo: o nosso Jesus Cristo de Nazaré. 

Com sensibilidade, esta pequena história nos ensina o real sentido da data. Com fundamento nas essências bíblicas, é fácil entender que a escolha de São Joaquim e de sua esposa pelo papa Paulo VI, no século XX, aconteceu num momento singular para a Igreja Católica. Por isso, os dois personagens históricos e bíblicos foram canonizados no século XVI, pelo papa Gregório VIII, por serem um casal exemplar e, sobretudo, os pais de Maria, a mãe do menino Jesus. Observa-se que os avós de Jesus já vinham recebendo homenagens em várias datas do calendário universal, mas a congregação do Vaticano, presidida pelo papa Paulo VI, atentou por estabelecer o dia 26 de julho como a data definitiva para as festividades do Dia dos Avós.

Hoje, os avós já não são mais os velhinhos de antigamente, que viviam esquecidos no recanto de uma sala, sozinhos, tristonhos, macambúzios e sem nenhuma perspectiva de um futuro acolhedor, senão a morte. Nota-se que a tecnologia moderna veio invadir a mudez das horas vazias, renovar e remoçar os pseudo-aposentados para dias afeitos de mais alegria e de contentamento junto aos queridos netos.  Em contrapartida com a tecnologia, o aconchego do colo materno, o contar estórias dos príncipes encantados, o coser vestidinho com agulha e dedal ou alguma coisa parecida com as rendas de almofadas, são agora apenas invencionice dos tempos de outrora. Os avós dos tempos modernos gozam de uma aposentadoria que lhes dá a primazia de uma vida melhor, como navegar na internet e tudo mais que o celular pode lhes proporcionar. 

Felizes dos avós que podem dizer que amam seus netinhos e que deles recebem todo o carinho necessário. Tendo em vista que o mundo está girando de cabeça para baixo, o Dia dos Avós está perdendo a sua importância. Logo mais será sucumbido numa vala comum do desprezo, sem a mínima contestação. Como já observamos, todos os interesses de “gratificar” acontecem sob o domínio do mercado financeiro, com presentes de monta, mas sem ter o valor intrínseco para o alimento da alma. O que era para ser um toque de amor, num abnóxio beijinho de uma criança, torna-se um comportamento indesejável em virtude do manejo constante de um pequeno aparelho celular. Como se vê, sequer um movimento de atenção aos velhos acontece como forma de consolação. Infelizmente!

Notadamente, os queridos netinhos são as compensações da sobressaltada velhice e o alento do desencanto com a vida caduca. Não há força maior do que o amor de um neto para massagear o coração e animar a alma dos avós. Enquanto isso, os filhos vão ficando longevos e os netos permanecendo sempre seus acriançados, concernindo os eternos xodós-da-vovó. E é assim porque o segredo da vida consiste somente em viver.

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