Dário Cotrim

O dia da triste partida

Publicado em 23/12/2022 às 22:05.

Meu saudoso vizinho Otacílio, nunca se sabe o dia da partida para a eternidade. Entretanto, tu partiste ainda muito cedo, deixando-nos perplexos e sem ação para acreditar que isso aconteceu. Ah, Otacílio, como a vida nos prega surpresas! Hoje, tu despedes de todos nós, com um sorriso divinamente feliz, enquanto isso, as nossas lágrimas não compreendem a vontade de Deus. Sabe, Otacílio, a dor da despedida dói de maneira que não se possa compreender como tudo agora aconteceu. A dor da despedida dói muito lá no fundo de nossa alma. E como dói! Tu partiste em paz para os braços do divino e é necessário, pois, que todos nós possamos entender essa graça suprema de Deus. Mas, francamente Otacílio, não era este o momento propício para nos deixar órfãos dos teus cuidados, dos teus carinhos e do grande amor que tu nutrias pelas tuas filhas, netos e, principalmente, a eterna companheira de travesseiros por longos e longos anos, dona Margarida, que agora está desconsolada pela tua falta.

Ah, Otacílio, veja que somos testemunhas das tuas boas ações, quer seja como um pai cuidadoso, um avô carinhoso e um esposo amoroso. Quer seja um amigo das horas incertas e um contestador político de certas horas. Quer seja tão somente o vizinho diligente de longas datas, juntamente com Ayer/Zoraide e Floriano/Shirley e muitos outros mais. Podes acreditar, Otacílio, que estamos todos chorosos pela tua partida e nunca mais a nossa rua será a mesma, pois a tua ausência vai deixar uma lacuna, sem precedente, em nossas vidas. Foste tu “o sertanejo que antes de tudo é um forte”, na visão literária do escritor João Guimarães Rosa. Foste tu um comerciante de roupa infantil – Confecções Cássia – também caminhoneiro aguerrido nas estradas do Nordeste brasileiro e, especialmente, um homem bom, simples, honrado e trabalhador. 

Naquele dia 17 de dezembro de 2022, o céu estava em festa. Tico e Jairo, paramentados, estavam juntos para te recepcionar naquele momento agridoce. Um passarinho me contou que o Rei do Baião, Luiz Gonzaga, vai dar uma passadinha por lá. Enquanto isso, ficaremos por aqui mergulhados na melancolia dos acontecimentos. Nota-se que, com o passar dos dias, a dor vai amenizando, pouco a pouco, a tristeza, mas a saudade nunca mais deixará de habitar em nossos corações. As lembranças tornarão reminiscências do passado para o consolo de nossa alma e repouso do nosso corpo. Todas as manhãs a tua ausência será lembrada na hora do café com biscoito, queijo, requeijão, tapioca e tudo mais que gostavas de saborear. O jornal deixará de existir, afinal de contas, para que saber agora das notícias terrenas? Sabe, Otacílio, o legado que deixaste para as futuras gerações será absorvido pelos seus familiares e amigos. Obrigado, muito obrigado mesmo por tudo que fizeste por nós! Requiescant in pace!

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