Em Montes Claros, a literatura de cordel, em pouco tempo, passou a fazer parte das confrarias literárias de modo bastante salutar, empolgando as pessoas à leitura e criando uma admiração formal em torno do que escreve o poeta.
Sabe-se que o gênero literário do cordel resume-se nas catástrofes naturais da terra e nas investidas do ser humano em produzir crimes hediondos na sociedade em que vive.
Assim, o poeta Elias Alves de Carvalho – antes já escrevera Jason de Morais o livreto “O Crime do Porta Malas” – escreveu com maestria o cordel “O Monstruoso Crime de Montes Claros”.
Não é nosso objetivo aqui esclarecer, analisar ou mesmo definir como os fatos aconteceram, mas, mediante a necessidade do entendimento, apenas informamos que se trata da história macabra de Cláudia e Fábio, dois jovens enamorados que foram assassinados por alguns membros da Polícia Civil de Montes Claros, no dia 19 de maio de 1981.
Portanto, é este o gênero de escrita que a literatura de cordel tem explorado para a confecção dos livretos em espécie. Além de Jason de Morais, temos ainda os poetas Josecé Alves dos Santos, João Figueiredo, Carlos Azevedo e o bocaiuvense Téo Azevedo, dentre outros, que produzem com perfeição a literatura de cordel.
E por falar em literatura de cordel não podemos nos esquecer do grande poeta catrumano, autor dos livros “Rebenta-Boi” e “Lírica e Humor do Sertão”, o nosso saudoso e admirável Cândido Canela.
O poeta cordelista Elias Alves de Carvalho tem algumas dezenas de livros publicados. As suas obras são norteadas do rio São Francisco para toda a região do Norte de Minas, não obstante ter no seu portfólio versões referentes aos fatos nacionais e estaduais.
Na definição dos seus trabalhos o próprio autor disse que “o cordel, antes de tudo/ é fruto de vocação/ a própria imaginação/ manipula o conteúdo/ sem preparo nem estudo/ chega de forma prevista/ o valor leva à conquista/ feita a comprovação/ por tudo isso intrujão/ não pode ser cordelista...”.
O livro “O Monstruoso Crime de Montes Claros” foi escrito com a simplicidade dos poetas populares, com rimas perfeitas e metrificação ordenada de acordo com as regras gramaticais, em seis versos. É um livro que, não obstante a tragédia do acontecido, resgata as tradições literárias da gente norte-mineira.
Sendo a nossa aldeia a cidade da arte e da cultura é natural que a literatura de cordel esteja presente nas Academias de Letras e, também, no Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros.
O nome “literatura de cordel” provém de Portugal e data do século XVII. Esse nome deve-se ao cordel ou barbante em que os folhetos ficavam pendurados, em exposição.
No nordeste brasileiro, mantiveram-se o costume e o nome, e os folhetos são expostos à venda pendurados e presos por pregadores de roupa, em barbantes esticados entre duas estacas e fixadas em caixotes. Portanto, indicamos a leitura da pequenina obra literária do poeta Elias Alves de Carvalho, “O Monstruoso Crime de Montes Claros”, para uma reflexão dos acontecimentos nos tempos atuais.