Dário Cotrim

O cordel de Carlos Azevedo

Publicado em 28/10/2022 às 22:54.

Nota-se que Montes Claros vem se destacando no cenário literário, com muita ênfase, quando se fala em Literatura de Cordel. Hoje, a família “Azevedo” surge com altivez, contribuindo, em todos os sentidos, projetando a nossa cidade para o mundo literário, com os livros de Téo Azevedo e seu sobrinho Carlos Renier Azevedo. O primeiro, já consagrado no meio dos acadêmicos das letras, apresenta-se um guerreiro valente e vencedor, tanto na augusta Academia Montes-clarense de Letras, como no egrégio Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros. O segundo, por sua vez, o radialista Carlos Azevedo, que também traz no sangue a marca dos cordelistas e, aos poucos, vai conquistando o gosto e a simpatia pela arte de fazer versos. No momento, é ele o cordelista mais atuante na difusão da arte de escrever cordel, nas escolas e nos encontros literários por onde eles possam acontecer. 

Destacamos que a Literatura de Cordel faz parte da manifestação literária na cultura popular, onde o poeta Carlos Azevedo domina com facilidade e sapiência a forma adequada para a construção de seus versos, criando e recriando a história de nossa gente e de nossa terra. Nas suas pesquisas, podemos destacar os seguintes livros: A história de Antônio Dó, A vida de Cipriano Medeiros Lima (Barão de Jequitaí), de Gualter Martins Pereira (Barão de Grão Mogol) e Ângelo de Quadros Bitencourt (Barão de Gorutuba), outrossim a saga de um campesino “Saluzinho”, a lenda de Dona Tiburtina e tanto outros opúsculos que valorizam, excessivamente, a comovente história de Montes Claros e, também, de toda a região do Norte de Minas. Sorte nossa, é verdade! 

Em momentos passados, porém, a literatura de cordel se espalhou pelo nordeste brasileiro e, agora, ganha terreno fértil em nosso cerrado, onde Riobaldo e Diadorim protagonizaram as lutas mais acirradas deste nosso sertão. Entretanto, a história nos conta que, no Brasil, a literatura de Cordel adquiriu força no século XX, sobretudo entre 1930 e 1960, quando muitos escritores mineiros foram influenciados por este estilo, dos quais destacou-se o escritor de Grande Sertão: Veredas, o escritor-jornalista João Guimarães Rosa. Não obstante a tudo isso, o poeta Teófilo Azevedo (Tiófo) contaminou os seus descendentes com a beleza perene e o encanto axiomático do cordel. Carlos, seu neto, vive hoje no encantamento das palavras, rimadas e versificadas, direcionando o destino das ilustres figuras, como se segue: “O baiano Antônio Dó/ foge de uma seca brava/ sem saber ele que a vida/ e o que ele esperava/ trabalhava dia e noite/ mas a vida o lograva...” Assim, com cadência, com harmonia, com criatividade e com vontade de 
escrever, Carlos vai aos poucos construindo a nossa belíssima história de vida.

O poeta Carlos Renier Azevedo é natural de Montes Claros, professor de História com especialidade em Cultura Afro-brasileira e cordelista por convicção, pois é membro de uma família de artista da terra – todos devotos da literatura de cordel. Carlos Azevedo é membro do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros, onde ocupa a cadeira 63, que tem como patrono o saudoso confrade José Gomes Machado. Também é o coordenador da Comissão da Literatura de Cordel do Instituto e está elaborando a sua primeira Antologia da Literatura de Cordel. 

Carlos Azevedo aperfeiçoou-se no resgate da memória do sertanejo do norte-mineiro e na preservação dos causos populares, contados de boca a boca, uma herança de seus antepassados e que agora é desenvolvido num trabalho profícuo na construção dos fatos e relatos mais importantes para a radiante história de nossa terra. Entretanto, não é tão somente o poder de querer, mas o querer de poder fazer, o fazer com arte, para que, a nossa história possa acontecer. Parabéns, Carlos Azevedo, o povo norte-mineiro agradece de coração toda as suas iniciativas no registro obtidos e na preservação da historiografia tradicional do cordel. Pois, a tudo isso, o povo montes-clarense ajustou-lhe o título de embaixador da nossa literatura popular. Parabéns!

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