Dário Cotrim

No início era assim...

Publicado em 18/11/2022 às 22:37.

Montes Claros, quando teve as suas primeiras construções, era apenas uma pequena fazenda de criar gado. A fazenda dos Montes Claros, de propriedade de Antônio Gonçalves Figueira. Depois de alguns anos abandonada, essa fazenda foi adquirida por José Lopes de Carvalho que fez alguns investimentos, transformando-a em um pequeno povoado, depois vila e, finalmente, numa cidade moderna e bonita.  

No início existia a rua Direita que, segundo os historiadores, era a continuação do caminho das boiadas. As suas primeiras casas retratavam em simples construções feitas em taipa de pilão, o que quer dizer: barro socado em fôrmas de madeiras, misturado com o capim. Noutras construções, os moradores utilizavam-se o pau-a-pique, que constituía no barro preenchendo as grades de varas ou de ripas naturais.  

No início aqui representava apenas uma praça quilométrica, solitária e muito triste! Ao fundo dessa praça foi construída a capela de Nossa Senhora da Conceição e São José, pelo novo proprietário, dando-lhe a feição de uma vilazinha. Então, para se chegar à praça quilométrica era necessário passar pela Rua Direita.

Com a melhoria da comercialização do gado e com a implantação de um comércio de secos e molhados mais diversificado, fizeram com que as pessoas se tornassem mais abastadas de bens e conhecimentos.  

Então os casebres ganharam destaque e sugiram os casarões-assobradados. E o primeiro deles foi o belíssimo sobrado da família Versiani-Maurício, construído no ano de 1812. 

NOTA: Há uma dúvida sobre o sobrado mais antigo de Montes Claros, e segundo o professor Lázaro Francisco Sena, este sobrado seria o que ficava ao lado da Igreja Matriz. Ele foi tombado literalmente onde, no lugar, foi construído um prédio moderno. Entretanto, o nosso associado, Frederico Assis Martins, o adquiriu e vai restaurá-lo nas suas formas originais.

E o tempo passou numa distância quase sem fim e enfim... Em requerimento à Câmara Municipal, o senhor Joaquim Pereira de Vasconcelos, solicitava autorização para a construção de mais “uma intendência na frente das casas de negócio que tem na Rua Direita desta Vila”.  

Assim, apareceram os prédios que davam formato à vila da nossa querida Montes Claros. A Câmara Municipal (com a cadeia anexo) e o Mercado Municipal foram dois extremos importantes para marcar o desenvolvimento do arraial de Montes Claros de Formigas. Mesmo assim, se fez necessária a construção do pelourinho, do chafariz, do coreto da Praça da Matriz e, muito tempo depois, o Palácio do Bispo nesta mesma praça quilométrica.

Com o passar do tempo as ruas receberam calçamento de pedras pé-de-moleque, as casas foram-se modificando, com ornamentos em suas fachadas, a velha casa da Câmara deixou de existir, pois foi demolida, desapareceu o Mercado Municipal e foram construídos prédios e arranha-céus por todos os lugares.  

Hoje, a memória de Montes Claros está enferma e, aos poucos, ela vai morrendo, pedacinho por pedacinho, sempre na calada das noites. 

Infelizmente!

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