Dário Cotrim

Montes Claros e a Guerra da Restauração

15/06/2024 às 00:12.
Atualizado em 15/06/2024 às 05:13

Na viagem que nós fizemos à Península Ibérica (Europa), quando estávamos visitando as cidades portuguesas do Concelho de Borba, foi gratificante a nossa estada junto ao monumento da Batalha de Montes Claros, na Vila de Viçosa quando, em 17 de junho de 1665, desencadeou o maior confronto militar entre portugueses e espanhóis, numa batalha denominada de “Guerra da Restauração”. Era minha curiosidade em saber, qual a ligação que tinha essa guerra com a nossa cidade de Montes Claros. Somente coincidência? Não! Tinha tudo a ver o Montes Claros de lá com os Montes Claros daqui. 

Sabemos que, entre os anos 1663 a 1664, antes do confronto, a Vila de Viçosa recebia uma nova cintura de muralhas para se defender dos ataques dos povos inimigos. Assim, quando estourou o conflito, em 1665, o mundo inteiro ficou sabendo do ocorrido na Península Ibérica. Portugal foi declarado vencedor, haja vista que as tropas comandadas pelo marquês de Caracena se rendia diante das tropas portuguesas comandadas pelo marquês de Marialva.

Neste mesmo ano de 1665, durante as festividades da independência em Portugal, aqui no Brasil nascia o filho de Manoel Afonso de Gaia e dona Maria Gonçalves Figueira, que foi batizado com o nome de Antônio Gonçalves Figueira. O menino Figueira sempre esteve atento para os acontecimentos na corte. Aprendeu de seus pais e avós a dura luta dos seus compatrícios contra a tirania dos espanhóis. Ainda muito cedo, com apenas dez anos de idade, ele enfrentou, sem medo, os perigos das selvas, acompanhando o seu cunhado Matias Cardoso de Almeida, na bandeira de Fernão Dias Pais. 

Somente com 42 anos de idade, quando ele adquiriu as sesmarias juntamente com os seus irmãos. Disse o nosso confrade Aparecida Pereira Cardoso que no “ano de 1707. Dia 12 de abril. Em plena cidade de São Salvador, Bahia de Todos os Santos, Antônio Gonçalves Figueira e seus irmãos, o capitão-mor Manoel Afonso de Siqueira, o capitão Pedro Nunes de Siqueira. Miguel Gonçalves Figueira e João Gonçalves Figueira receberam das mãos do governador geral registros de alvarás de doação de sesmarias nos campos da Tabatinga, vertentes do rio Verde e Pacuí, demarcando oficialmente os primórdios da ocupação e povoamento do território do alto rio Verde Grande, e ponto inicial para a constituição da fazenda Montes Claros”, numa homenagem oportuna a Guerra da Restauração, entre Portugal e Espanha.</CW> 

Este episódio sempre foi muito festejado pelos portugueses. E as notícias divulgadas na sua colônia americana ganhou força no seio dos brasileiros. Antônio Gonçalves Figueira era filho de pai português e mãe brasileira, um apaixonado pelos dois países. 

Entretanto, os estudiosos do passado criaram a imagem dos morros dos Dois Irmãos, pela sua formação estética, um símbolo para sinalizar a criação da cidade. Era necessário de um fato concreto na história de um povo em formação e, assim, inventaram os “montes claros” como se todos os outros montes ao redor de nossa aldeia não fossem claros. E, desde então, os Morros Dois Irmãos passaram a figurar em documentos e armas da cidade, como o brasão e a bandeira. Ledo engando de quem pensa assim, pois o correto é o significado da Batalha de Montes Claros para todos nós. Viva, Montes Claros de Portugal e Montes Claros do Brasil! 

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