O que são festas cíclicas? Em primeiro lugar, é interessante salientar que, em pesquisa nos dicionários da língua portuguesa, ali se define com clareza o seu significado, pois “cíclica” não é uma palavra contumaz na vida dos brasileiros. Vejamos: disse o dicionário que é tudo aquilo “que sempre volta por intervalos regulares”, em tempos determinados.
Portanto, as festas cíclicas são aquelas que têm aspectos populares e tradicionais, com caráter religioso e profano, e que sempre acontecem, de tempos em tempos, durante o transcorrer de cada ano. Para ilustrar o que conjecturamos aqui, anotamos algumas dessas festas para conhecimento do distinto leitor: o Natal, o Ano Novo, o dia do Santo Reis, o Carnaval, a Quaresma, a Semana Santa, o sábado de Aleluia e domingo de Páscoa, a festa do Divino Espírito Santo, as festas Juninas, as festas de Agosto e tantas outras para completar o calendário do ciclo religioso.
Nota-se que todas essas manifestações religiosas foram amealhadas por nós brasileiros dos costumes dos países da Eurásia ou do Velho Mundo. Durante a colonização, os portugueses e espanhóis trouxeram em suas embarcações as tradições e os costumes de seu povo, transpondo-os para os índios que aqui existiam. Com a chegada dos navios negreiros, as manifestações africanas também foram introduzidas em nosso meio perfazendo uma miscelânea de condutas no modo de viver e de agir do povo brasileiro. Isso sem falar nas manifestações culturais dos nossos índios. Entretanto, muitas dessas evidências religiosas perderam no tempo a importância das piruetas divinas nas ruas, em virtude do repentino progresso social e do desenvolvimento tecnológico da comunicação entre os povos. Um exemplo específico: as fogueiras de Santo Antônio, de São João e de São Pedro.
Em Montes Claros, o mês de agosto ainda nos encanta com as comemorações divinas como as dos catopés, marujos e caboclinhos, folguedos que visam homenagear as celebrações sacrossantas de Nossa Senhora do Rosário, São Benedito e o Divino Espírito Santo, florescendo e modernizando a cultura e a religiosidade popular de nossa terra. Os catopés representam os negros nativos da África, os que foram trazidos para o território brasileiro pelos portugueses e que, em geral, usam as vestes brancas enfeitadas de várias cores com graça e primor de evoluções. A marujada, ou o fandango, é exibido num estilo musical, com movimentos entusiasmados, importada da Europa e a sua singularidade é caracterizada por movimentos frenéticos e exibicionistas. Os caboclinhos é uma dança folclórica apresentada por grupos fantasiados de índios pataxó, conhecidos pelo nome de tapuias. Durante a evolução de suas danças, é mostrada cenas de caça e de combate.
Pois bem, a cidade de Montes Claros é conhecida como da “arte e da cultura”, uma denominação feita pelo saudoso teatrólogo Reginauro Silva. Em vista disso, a Igreja Católica sempre esteve presente nas manifestações religiosas do seu povo, tendo como fundo de apoio a Igreja de Nossa Senhora do Rosário. Infelizmente, esse templo foi demolido pela prefeitura, que mandou fazer uma nova igreja no lugar, um pouco afastado. Depois disso, as Festas de Agosto nunca mais foram as mesmas. Contudo, a garra e a perseverança dos “zanzas”, falaram mais alto, fazendo com que as nossas tradições religiosas continuem em voga. Assim, as festas cíclicas de nossa terra e de nossa gente fazem a alegria de todo povo montes-clarense. Benza Deus!