Continuando a falar sobre as obras do grande escritor montes-clarense, do confrade Cyro dos Anjos, vamos tecer alguns comentários necessários sobre o livro “Explorações do Tempo”. Aqui se trata de um livro de memórias. Também não foi Cyro dos Anjos o prime iro a explorar este tema. No século XX, outras obras memorialistas brasileiras sugiram com vigor e perspicácia, em vista disso anotamos aqui alguns deles. Vejamos: “Infância”, de Graciliano Ramos; “O Menino da Mata e seu cão Piloto”, de Vivaldi Moreira; “Oito Décadas”, de Carolina Nabuco; “Meus Verdes Anos”, de José Lins do Rego. Além desses, temos ainda “O Menino Pescador”, de Reivaldo Canela; “Minha História, Minha Vida”, de Joaquim Soares de Jesus; “As Aventuras de Zinho Bahia”, de Isaias Manoel Cotrim e tantos outros.
A literatura memorialista discute-se e se contrapõe as interações de seus autores, isso com diferentes formas de manifestações literárias. As tradições e os costumes do povo sempre foram explorados nas narrativas memorialistas de cada autor. A infância, em particular, é rebuscada nos detalhes das lembranças como forma de ficção, porque é uma representação documental, testemunhal ou ficcional. Assim, Cyro dos Anjos complementou a sua obra de memórias “Explorações do Tempo”. Na sequência do seu trabalho, ele publica o livro “Menina do Sobrado”, com correções e complementos à sua obra inicial. Cyro dos Anjos, ao contrário de Graciliano Ramos e José Lins do Rego, tendo sido criado em meio a serões culturais e artísticos, traz a marca de um universo lírico, carregado de poesia.
Além de outros livros, a sua bibliografia mais conhecida é composta dos seguintes livros: Romances: “O Amanuense Belmiro”, “Abdias” e “Montanha”; memórias: “Explorações do Tempo” e “Menina do Sobrado”; poesia: “Poemas Coronários” e ensaio: “A Criação Literária”. Em primeiro de abril de 1969 o escritor Cyro dos Anjos foi eleito para a Academia Brasileira de Letras, ocupando a Cadeira de Nº. 24, na sucessão do imortal Manuel Bandeira. Naquela oportunidade o neoacadêmico foi recebido por Aurélio Buarque de Holanda Ferreira. Também Cyro dos Anjos pertenceu a nossa Academia Montes-clarense de Letras e é patrono da Cadeira N. 26, de Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros.
Ciro Versiani dos Anjos (Cyro dos Anjos), jornalista, professor, cronista, romancista, ensaísta e memorialista. Ele nasceu em Montes Claros – Minas Gerais no dia cinco de outubro de 1906. Era o décimo terceiro dos quatorze filhos de Antônio dos Anjos e de dona Carlota Versiani dos Anjos. Fez o curso primário no Colégio Estadual, e começou os seus estudos secundários na Escola Normal de Montes Claros. Residiu em Belo Horizonte e Rio de Janeiro onde trabalhava e estudava. No dia quatro de agosto de 1994, ele faleceu na cidade do Rio de Janeiro, onde foi sepultado no panteão dos imortais.