Dário Cotrim

Cordel – Barão de São Romão

Publicado em 09/08/2024 às 19:00.

A história é simples, mas é muito interessante. Sabe-se que somente as pessoas, assim como o mestre cordelista Carlos Azevedo, têm a sensibilidade de juntar pedaços de escritos históricos e transformá-los numa narrativa perfeita e completa para o conhecimento dos fatos históricos de nossa terra. Não é esse o primeiro livro do Carlos Azevedo, há muitos outros e todos eles trazendo os mais importantes registros do nosso povo. A história de José Eleutério de Souza, o barão de São Romão (1810-1894), nobre brasileiro, agraciado com o título de “barão” e coronel da Guarda Nacional do Império brasileiro teve o reconhecimento do Imperador Dom Pedro II e, agora, com o destaque do mestre Carlos Azevedo, neste livro de cordel intitulado “Barão de São Francisco”. 

O Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros tem muita sorte. Há no seu quadro de associados uma plêiade de excelentes trovadores, que cortem a forma do cordel para a composição de seus versos. Infelizmente, o tempo extraiu do nosso meio a figura ímpar do cantador de viola Téo Azevedo. Foi preciso que assim acontecesse para compor a programação celestial, antes determinada pela vontade divina. Entretanto, na magia dos acontecimentos, germinou no seio da família Azevedo a figura do não menos importante repentista, o nosso Carlos Azevedo.

Já são inúmeros os livros de cordel editados por Carlos Azevedo. E todos eles de qualidade inquestionável para a literatura de cordel. Os temas utilizados pelo repentista, têm sempre o gênero histórico de nossa terra e de nossa gente. Cada leitura representa uma viagem ao tempo pretérito, resgatando um fato acontecido nos meandros do Norte de Minas, e, em especial, na cidade de Montes Claros. Carlos sabe, com propriedade, fazer as pesquisas, anotar as datas e os momentos exatos dos acontecimentos, elaborar em versos a narrativa mais adequada para cada assunto e, também, utilizar da criatividade na composição dos versos, com rimas e musicalidade.

A prosa é a arte de escrever, enquanto que os versos superam essa arte com a musicalidade das palavras envolvidas com os sons dos pássaros no nosso cerrado. Certamente que, narrar fatos em poucas linhas é um desafio dos trovadores nos momentos mais sublimes da sua criação, enquanto que a inspiração do cantador condiz com a sua obra musicalizada para o deleite dos ouvintes mais exigentes. 

No nosso Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros a presença do repentista Carlos Azevedo é sempre um momento de alegria e descontração. Observa-se que ele tem a admiração e o respeito de seus pares, tornando-se uma pessoa totalmente envolvente na produção literária do cordel, com ideias claras e determinantes na concepção de seus objetivos. Portanto, o trabalho apresentado pelo cordelista tem o respeito e a admiração de todos nós. Parabéns confrade Carlos e pleno sucesso no trabalho realizado!

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