Dário Cotrim

Cine Sorbone

Publicado em 21/03/2025 às 19:00.

Caríssimo primo Ari Donato, estamos impressionados com a riqueza de detalhes do seu influente livro sobre o “Cine Sorbone: a história dos cinemas de rua de Guanambi”. A leitura que fizemos dele foi de um supetão absoluto, mas tudo isso em razão das curiosidades dos fatos e, como eles aconteceram de fato. A história do cinema de rua de Guanambi, como sabemos, vem de décadas e mais décadas, ilustrando os pouquíssimos livros escritos sobre o tema, mas sem nunca existir uma pesquisa tão profunda e tão completa como esta que você demonstra no seu magnifico livro de memórias. Confesso que, os seus personagens foram citados de maneira cuidadosa, tendo os seus prenomes e sobrenomes registrados por completos, os seus apelidos aludidos com esmerado trato e as datas dos fatos indicados, no tempo e no espaço, com correção axiomática, tornando-se um arquivo importante para os pesquisadores da história de nossa cidade e região.

Os cinemas se foram. Infelizmente! A sétima arte se espatifou no meio da modernidade e, com ela, as divas e os astros dissiparam-se nas trincheiras das ruas pavimentadas dos municípios desenvolvidos. Nota-se que, a doce fantasia de brincar de “cowboy” na praça Coronel Cajayba, traduzia, na verdade, o sonho de toda meninada de um dia tornar-se um astro famoso do cinema. Enfim, veio a televisão para aniquilar todos esses sonhos e projetos. 

Ari Donato, o seu livro é um registro completo de uma época mágica nos entretenimentos de nossa gente. O seu trabalho de pesquisa tem, e deve ter sempre, o respeito e o reconhecimento de todos os segmentos da sociedade guanambiense, em especial da classe acadêmica na defesa de suas teses sobre a história política e econômico-social da nossa aldeia e do nosso povo. 

E, então, você ainda se lembras dos nossos folguedos? Daquela boiada de ossos que tínhamos nos fundos do quintal de sua casa, na Vila Nova? Das revistas consociadas de gibis, como leitura obrigatória nas horas das recreações? Da coleção de folders ou, dos cartazes em miniaturas, com o resume dos filmes a serem exibidos no cinema. Sabe? Eu ainda tenho esses cartazes! Ah, quantas coisas auspiciosas aconteceram no nosso tempo de meninos traquinos! Quantas?

Dentre tantas passagens interessantes do seu livro sobre os cinemas de Guanambi, desejo aqui comentar uma delas: os programas de calouros, que eram realizados no palco do Cine Guarany. Nessa época, por volta do ano de 1966, eu e meu amigo Florisvaldo Alves Pereira (Lozinho) nos inscrevemos com o professor Celito Brito, para cantarmos no programa de calouros daquele fatídico dia. Escolhi a música “É papo firme”, do rei Roberto Carlos. Não passei da primeira introdução e levei uma vaia que até hoje escuto os assovios das pessoas apoquentando a minha cabecinha de menino travesso. Já o Lozinho, bem mais esperto do que eu, vendo tudo aquilo acontecendo, desistiu imediatamente de sua apresentação, poupando-lhe de ser também esganiçado pelo respeitoso público.

Sabe, Ari, são muitas as “estórias” do tempo de outrora. Hoje, apenas vivemos e revivemos as lembranças do ontem. O seu avultoso livro: “Cine Sorbone: a história dos cinemas de rua de Guanambi”, com as “duas décadas de lanterna mágica”, faz a história acontecer. Aliás, os registros contidos em suas páginas formam um arquivo indispensável para novas publicações e, para os estudos inerentes aos acontecimentos políticos, econômicos e sociais dos nossos compatriotas. Tenho a absoluta certeza de que o seu livro será de muita valia para a amplificação da literatura guanambiense, em todos os sentidos. Parabéns e sucesso! Meu amplexo! 

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