Dário Cotrim

A verdadeira bala de ouro

Publicado em 16/09/2022 às 22:04.

O Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros tem procurado trabalhar na pesquisa dos acontecimentos históricos da cidade e de todo o Norte de Minas. Pontualmente, as estórias são muitas, principalmente aquelas que revelam os primeiros indícios da colonização de nossa terra. São causos contados com alguns aspectos do pensamento ético-cultural e social do povo, na identificação das raízes, bem como na tradição religiosa da região norte-mineira.  

Assim, a história do vigário José Vitório, que foi assassinado com uma bala-de-ouro, teve a incumbência do historiador Simeão Ribeiro Pires no resgate dos acontecimentos e registros em documentos guardados e arquivados para o conhecimento das futuras gerações. Vejamos o que disse o saudoso Simeão Ribeiro Pires, no seu livro “Gorutuba: o Padre e a Bala de Ouro”.

“Sobre o famoso episódio da Bala de Ouro, não restam dúvidas quanto à sua veracidade. É que tenho em meu poder a bala, como depositário, até que se crie um Museu Regional onde deverá ser definitivamente recolhida. A sua origem é a seguinte: há cerca de seis anos, em um sofrido período de secas, que ciclicamente castiga a região norte-mineira, vários sertanejos de lavouras, queimadas pela inclemência do sol, foram amparados pelo Departamento de Estradas de Rodagem, em convênios com as prefeituras, para a execução de serviços na melhoria dos caminhos vicinais. É exatamente quando se procedia a reparos na estrada da Ladeira do Gravatá, que demandava a diversas fazendas, nos trabalhos de remoção de pedregulhos, bem junto à Cruz do Padre José Vitório, foi encontrada uma bala de ouro, amassada. O fato é, portanto, real.  

Entretanto, quanto ao modo de benzê-la pelo próprio vigário José Vitório, correm duas versões bem diferentes. Uma delas narra que no dia anterior ao de sua morte, ao celebrar missa na Igreja de São José do Gorutuba, a bala de ouro virgem foi colocada pelo sacristão debaixo da toalha do altar-mor e ali benta pelo vigário, quando da consagração do pão e do vinho. Existe, ainda, em versão diferente da “benzedura”, quando a malvada da Sinhazinha (Ana Eugênia Godinho) a colocou junto de uma criança, quando seu batismo” (texto de Simeão Ribeiro Pires – do livro Gorutuba: O Padre e a Bala de Ouro). 

Hoje, a famigerada Bala de Ouro está exposta do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros para apreciação de todos aqueles que se interessam pela história de nossa terra e da nossa gente. Este fato pode ser entendido como um trabalho folclórico, pois é o resultado de mais de cinco décadas de pesquisa contínua na expectativa de sanar, de uma vez por todas, as crenças populares sobre a existência, ou não, da propalada Bala de Ouro.  

Na verdade, este fato deve ser visto sob o ponto de vista político-cultural, pois nele o leitor encontrará o caminho existente para reparar a perniciosidade dos eventuais discursos contrários a verdadeira história dos acontecimentos. Portanto, renovamos o nosso convite para que você possa conhecer, ao vivo e em cores, o artefato mais importante da história de nossa terra e de nossa gente: a verdadeira Bala de Ouro que matou o vigário José Vitório, em São José do Gorutuba.  

Pois bem, vai lá no Instituto Histórico conhecer a Bala de Ouro! 

Boa sorte!

Compartilhar
Logotipo O NorteLogotipo O Norte
E-MAIL:jornalismo@onorte.net
ENDEREÇO:Rua Justino CâmaraCentro - Montes Claros - MGCEP: 39400-010
O Norte© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por