Assim como existem a numismática (dinheiro e afins) e a filatelia (selos e afins), também temos a loterofilia (loteria e afins), a ciência que estuda as loterias do pais. O nosso estado de Minas Gerais foi o primeiro a adotar a loteria e isso aconteceu no ano de 1784, que teve por objetivo arrecadar fundos para ajudar a construção da sede própria da Câmara Municipal e da Cadeia Pública da cidade imperial de Vila Rica, a primeira capital do Estado de Minas Gerais. Vila Rica passou a ser chamada de Ouro Preto e foi tombada pelo Patrimônio Cultural da Humanidade, no ano de 1980. Interessante é que, o prédio construído com os recursos da loteria estadual atualmente ele abriga o Museu da Inconfidência.
A loterofilia não tem a mesma penetração no mundo do colecionismo como as outras ciências existentes, não obstante, ela nos oferece um hobby, onde se aprende sobre política, fatos históricos, personagens ilustres, costumes e tradições de um povo, folclore, fauna e flora, tudo isso estampados nos seus “bilhetes”, com destaque nas artes do design thinking e na renovação de sua concepção. Observa-se que, a filatelia e a numismática tratam do mesmo acontecimento alegórico, com mais vigor nos arquétipos das cartelas, que merecidamente foram aproximados da curiosidade humana, formando grupos de estudos e clubes de exposições em todos os quadrantes.
A experiência da loterofilia é distribuída em todo território nacional. Da loteria estadual do Rio Grande do Sul, criada no dia 28 de fevereiro de 1843, por Decreto do Presidente Constitucional da República Rio-Grandense, o general Bento Gonçalves da Silva, teve como finalidade a de arrecadar recursos para a manutenção necessárias das casas de saúde do Exército da Farroupilha.
No ano seguinte, a loterofilia brasileira é disciplinada pelo Imperador Dom Pedro II, no dia 27 de abril com a publicação do Decreto número 357, regulamentando todas as loterias existente do poder público e, também, dos particulares, sempre com a anuência do Ministério da Fazenda. Uma vez pautada a sua criação, por lei administrativa do Império do Brasil, ela passou a fazer parte da loterofilia, juntando-se à filatelia e a numismática. Os bilhetes de loteria não apresentam valores de consumo como o dinheiro e os selos, tão somente uma promessa de ganho ao adquiri-los nos pontos-de-venda. Talvez seja por isso mesmo que o interesse dos colecionadores representa uma atribuição de sorte, sem, contudo, desmerecer a visibilidade da beleza demonstrada na policromia de suas estampas.
No ano de 1961, a Caixa Econômica Federal passou a ter a exclusividade dos sorteios, conforme Decreto de número 50.594. Já no dia 15 de setembro de 1962, realizou-se a primeira extração da Loteria Federal do Brasil. Atualmente deixaram de circular os bilhetes de loteria e assim aconteceu pelo advento da internet. Infelizmente!