Tenho em minhas mãos uma joia literária do ano de 1913. É o livro “A Fazenda Moderna”, um guia do criador de gado bovino no Brasil, do escritor Eduardo Augusto Torres Cotrim, por empréstimo do associado do IHGMC, o Dr. Leonardo Alvarez Rodrigues. Este livro foi publicado pela Typographia V. Verteneuil & L. Desmet, em Bruxelas, numa edição bastante resumida e, hoje, é uma obra rara para os bibliófilos de todo o mundo. Diz na sua introdução que a razão de ser deste livro está na situação atual do nosso país, em face da indústria pecuária moderna, em todo o mundo. Nota-se que o livro tem uma edição de luxo, em papel couchê, branco e brilhoso, de 90 gramas, e ilustrações coloridas em lâminas molduradas e legendadas. A linguagem utilizada aqui pelo autor está ao alcance de todos os leitores e, se uma ou outra vez foi preciso o emprego de termos técnicos, não teve outro motivo senão o de esclarecer mais o assunto para melhor entendimento daqueles que procuram conhecimentos de criar o gado bovino. Dr. Eduardo Cotrim
é um escritor que faz parte dos homens ilustres da família COTRIM e a sua obra está entre aqueles que são disputadas no mercado de livros.
Eduardo Cotrim nasceu em 14 de outubro de 1857, em Saquarema, Rio de Janeiro, era filho do Dr. José Custódio Cotrim e de D. Joaquina Carolina Rodrigues Torres Cotrim e, ainda, neto do Visconde de Itaborahy (Dr. Joaquim José Rodrigues Torres). Exerceu vários cargos de representação na política e administração pública. Foi deputado estadual no Rio de Janeiro nos governos de Alberto Torres e Quintino Bocayuva e ainda fazia parte no Comitê Nacional de Produção e membro do Diretório da Liga da Defesa Nacional do Estado do Rio de Janeiro.
Era formado em engenharia pela Escola Politécnica do Rio de Janeiro, em razão disso ele trabalhava na construção da Estrada de Ferro Central do Brasil. Certa ocasião, viajando em direção a São Paulo, teve que passar na Estação de Campo Belo, onde morava o colega de faculdade, José Mendes Bernardes. Resolveu ir visitá-lo. Resultado, apaixonou-se pela prima do amigo com quem veio a se casar no ano seguinte. No seu livro, a “ Fazenda Moderna”, o escritor Eduardo Cotrim consubstanciou ali o que há de melhor para trabalhar em agropecuária e, nas suas conferências, com discursos e folhetos cheios de observações e de fatos novos, não só foi um precursor como também um mestre ouvido que muito fez em forma do desenvolvimento e da riqueza nacional. Morreu no dia 15 de fevereiro de 1919.
Com relação a ilustre família COTRIM, no Concelho de Ferreira do Zezere, há um artigo que fez referência de um deles entre os mestres de Aviz, foi o mestre Martin Cotrim, isso no ano de 1384. Entretanto, em 1387, surgiu em Portugal o monteiro-mor do infante dom Henrique, o inglês Jaime Cotterall Cotrim, acompanhando a princesa Felipa de Lancaster, que estava destinada a se casar com dom João I. Jaime permaneceu em Portugal onde casou-se com dona Anne de Ufford e tiveram eles o filho João Martins Canas Cotrim. Por consequência dos acontecimentos, alguns Cotrim vieram para o Brasil. O primeiro deles que se tem notícia foi o sargento-mor Felipe de Matos Cotrim, isso no ano de 1630, na região do Amazonas. Para o sertão baiano veio a família de Antônio Xavier de Carvalho Cotrim que, desembarcou em Salvador no ano de 1735. O destino era a Chapada Diamantina, haja vista que a notícia do descobrimento dos diamantes e do metal amarelo circulava por toda a Europa, despertando a fúria da mineração no povo português. Os antepassados de Eduardo Cotrim foram para a cidade do Rio de Janeiro e os nossos vieram para a cidade de Caetité e a Chapada Diamantina.