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Sábado,23 de Novembro
Dário Cotrim

A arte de colecionar

Publicado em 22/03/2024 às 20:57.

No primeiro dia de dezembro de cada ano se comemora o Dia do Numismático. Na verdade, eu tenho muitos dias para serem comemorados: dia do Historiador, dia do Bancário, dia do Advogado, dia do Livro, dia do Poeta e, entre outros, o dia dos Pais e o dia dos Avós. Mas, o dia do Numismático é diferente, pois trata-se de uma data que tem poucos adeptos, bem diferente do dia do Filatélico. A filatelia e a numismática sempre andam de mãos dadas. Hoje, o associado do IHGMC, Leonardo Álvarez Rodrigo (filatélico) e, eu, (numismático) representamos a arte de colecionar, selos e dinheiro, em Montes Claros. 

Pois bem, iniciei na numismática com apenas 14 anos de idade. Meu pai que era um homem curioso, resolveu guardar numa caixa-de-lenço, algumas cédulas de mil-réis que estavam saindo de circulação. Eram notas de papel que ele havia colado no vidro de um mostruário de doces, de seu comércio no Gentio. Ele, percebendo a minha vocação para o colecionismo e por isso ofereceu-me onze cédulas de mil-réis. Como bem entender, é o meu maior tesouro, guardado sob sete-chaves. Nenhum dos meus irmãos reclamaram da benevolência de meu pai para comigo. Quando arrumei a minha mala de viagem para Montes Claros, lembro-me muito bem do momento em que eu acomodava a caixa-de-lenço por entre as peças de roupas.

Nunca mais parei de entesourar uma cédula aqui e outra acolá para a minha apreciação pessoal. Das onze peças iniciais passaram-se para quatorze e hoje a minha coleção tem mais de 2.700 espécies, de mais de uma centena de países. Em especial, as notas de mil-réis do Império e as cédulas da República, que compõem a coleção do dinheiro brasileiro, são as mais valorizadas. É impossível completar uma coleção de cédulas, em vista disso é muito gostoso a expectativa de uma novidade no mundo do colecionismo. Não é um robe barato, haja vista que o dinheiro nunca perde o valor, pelo contrário, nas cotações das notas em desuso o preço é amargo, principalmente, se considerar o seu estado de raridade. 

Com o passar do tempo comecei a perscrutar o histórico do dinheiro. Comprei livros e catálogos para direcionar as minhas pesquisas e alimentar o meu desejo sobre a arte de colecionar. Realizei muitas viagens em busca de alguma cédula nova e conheci o mundo da numismática de perto. No final, me especializei em “notas”, deixando as “moedas” apenas como figuração de entretenimento nas minhas horas de folga. Além da mania de compilar cédulas, ainda aprecio todo cabedal numerário, assim como as medalhas, cheques, duplicatas, bônus, vales, apólices. É muito gratificante colecionar! 

O meu sobrenome COTRIM já foi uma moeda que circulou em Portugal no ano 1481 e adiante. Assim, também, como é o nome de um peixe natural do rio Zêzere. Vejamos aqui um registro de época sobre a moeda COTRIM: “No Capítulo 129 das Cortes Geraes do Sr. D. João II, de 1481 a 1482, se queixaram os povos no damno que o Sr. D. Afonso V. causou no lavramento das moedas, fazendo lavra Espadins e Cotrins, que eram já muitos diminuídos em lei de moeda, arredando-os, e dando logar aos rendeiros de os desfazerem, tomando o conselho de alguns para levantar o valor das Libras”. (Coleção da Corte da Academia, Tom. X. Pág. 144). O Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros, em atendimento o que preconiza o artigo segundo do seu Estatuto, está organizando o “Quadro de Medalhas”, um ramo da numismática, não obstante já existir um espaço para este fim destinado. O conhecimento e a sabedoria são forças que movem o círculo da história e seus afins. 

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