Vemos aqui duas decisões profundamente importantes e que definem a relação da pessoa genuinamente crente com o seu Deus: ela o ama sobre todas as coisas e, por essa razão, foge de tudo aquilo que o ofende. Ele se aparta do mal.
A abertura de Provérbios nos deixa claro que o caminho para a sabedoria é o temor do Senhor (Pv 1.7). À medida que tememos a Deus, aprendendo de seus ensinamentos e guardando sua Palavra no coração, adquirimos sabedoria, inteligência, conhecimento e habilidade.
Tornamo-nos sábios e aprendemos o modo correto (“bom proceder” – Pv 1.3) de escapar das investidas malignas do pecado que se manifestam por meio de homens e mulheres ímpios (“que diz coisas perversas” – Pv 2.12 – “seguem veredas tortuosas” – Pv 2.15 – e “lisonjeia com palavras” – Pv 2.16 – dentre tantos outros pecados).
Aqueles que temem a Deus ouvem seus ensinos e obedecem a eles com o coração devotado e piedoso. Eles buscam a sabedoria outrora oculta, mas revelada em Cristo (“o mistério que estivera oculto dos séculos e gerações” – Cl 1.26; cf. Mt 13.44).
Eles “vendem” tudo o que têm (autossuficiência e autojustiça, sua confiança própria em seus méritos) e “compram” de graça (Is 55.1; cf. Ap 3.18) a verdadeira e única Sabedoria, que criou todas as coisas (Pv 8.22-31; Jo 1.1-3), porque entendem que ela vale muito mais do que milhares de tesouros deste mundo (Pv 2.4).
Nada pode se comparar com a glória manifestada em Cristo (Jo 1.14), pois ele reúne em si “toda a plenitude da divindade” e toda “riqueza da glória” (Cl 1.19,27).
Por essa razão, o sábio não age conforme seu próprio entendimento. Ele sempre busca, com prudência, entender os caminhos do Senhor. “Não sejas sábio aos teus próprios olhos” (Pv 3.7a). Ele teme ao Senhor e se aparta do mal (Pv 1.7b).
Vemos aqui duas decisões profundamente importantes e que definem a relação da pessoa genuinamente crente com o seu Deus: ela o ama sobre todas as coisas e, por essa razão, foge de tudo aquilo que o ofende. Ele se aparta do mal.
Afastar-se do mal é fugir de tudo aquilo que transgride e ofende o caráter santo e puríssimo do Senhor.
Na oração do Pai Nosso, ensinada pelo Senhor Jesus Cristo, oramos: “não nos deixes cair em tentação; mas livra-nos do mal” (Mt 6.13). O Senhor Jesus sabe do que todo aquele que deseja e busca a piedade será tentado.
Quanto mais nos aproximarmos do Senhor com santa piedade, mais seremos alvos de tentações. Satanás, nosso adversário, anda como leão ao redor de nós procurando tragar os desatentos (1Pe 5.8). Todavia, devemos “resistir ao diabo e ele fugirá” (Tg 4.7).
A resistência a Satanás começa com o temor ao Senhor. O diabo não suporta o temor piedoso devotado ao verdadeiro Deus. O diabo quer sempre usurpar o que é de Deus e, portanto, ele tentará atingir todos aqueles que declaram e vivem fielmente para o Senhor.
Toda testemunha fiel sofrerá perseguições, pois o diabo não suporta a fidelidade a Deus (Ap 2.13). Apesar de sabermos que sofreremos perseguições por sermos fieis ao Senhor, devemos persistir até ao fim, ainda que tenhamos de passar pela morte física pelas mãos de nossos algozes (Ap 2.10). Os homens maus podem matar os nossos corpos, mas não podem matar nossas almas (Mt 10.28).
Portanto, devemos nos esforçar diligentemente, com a ajuda constante da graça de Cristo, para vencermos o pecado e suas tentações.
Devemos resistir até ao sangue, se necessário (Hb 12.4), a fim de sermos encontrados fieis. Temamos ao Senhor e resistamos às investidas do mal para recebermos o “refrigério” do Senhor (Pv 3.8).