Wendell Lessawendell_lessa@yahoo.com.br

Preserve sua honra (Provérbios 18.3)

Publicado em 26/07/2023 às 19:44.

Talvez não seja mais importante para muitas pessoas atualmente manter a honra de seu nome ou de sua família. Alguns preferem ostentar bens materiais, títulos e posições sociais. Nos dias atuais, existe vaidade até nas escolhas íntimas relacionadas às questões sexuais ou o pertencimento a certa classe ou ideologia. Poucos ainda se importam com as tradições sociais, culturais, familiares e muito menos religiosas. No campo religioso, por exemplo, é muito comum as pessoas reagirem à manutenção de tradições sólidas e historicamente experimentadas. Facilmente, elas abrem mão de uma prática conservadora pelo simples fato de que algo moderno parece substituir com maior “relevância”. 

Nossa geração se acostumou a rejeitar as bases e os padrões antigos pelo simples argumento de que é preciso mudar e conversar tradições é reacionarismo. Contudo, o ensino das Escrituras é muito diferente do pensamento moderno. Embora as Escrituras não sejam contrárias a mudanças – a conversão, por exemplo, é a mudança mais desejável pelo cristão –, contudo elas não apoiam o rompimento de tradições apenas pelo fato de que são tradições. Todo fundamento deve ser avaliado à luz da verdade bíblica e não por argumentos utilitaristas ou por acomodações sociais. Não é porque algo se tornou mais efetivo do ponto de vista social que deve ser adotado. 

O padrão de verdade e de utilidade para o cristão é sempre a Palavra de Deus. E ela ordena que as tradições humanas, aquelas que não foram instituídas por Deus, não devem ser mantidas; ao contrário, todas as tradições e fundamentos ordenados por Deus em sua Palavra devem não só ser mantidas como incentivadas. Por isso, o escritor dos Provérbios nos adverte: “não remova os marcos antigos que puseram teus pais” (Pv 22.28). O contexto desse provérbio é a manutenção de práticas e leis que defendiam especialmente as viúvas. Nesse sentido, princípios fundamentais não deveriam cair em desuso ou ser ignorados. Há princípios universais que devem ser mantidos e defendidos pelos cristãos, ainda que o relativismo de nossos dias nos incite a ignorá-los. 

Devemos, todavia, manter firmes os fundamentos, afinal, “destruídos os fundamentos, que poderá fazer o justo?” (Sl 11.3). Se as leis não forem mantidas e cumpridas, como ficará a justiça? A perda da justiça é a perda da honra. E a honra é a glória do homem. Não por acaso a palavra honra é também associada à palavra glória na Bíblia. Glória significa algo pesado, consistente, de extremo valor, tal qual a honra. A honra é algo de muito valor para uma pessoa. Damos valor a quê? A resposta a essa pergunta define quem nós somos, porque saber o que valorizamos determina nossas escolhas e prioridades. 

Portanto, escolher nossos caminhos implica definir assumir nossa identidade. Hoje as pessoas parecem ignorar esse princípio. Elas pensam que suas escolhas não dizem muito sobre quem elas são, pois, na verdade, elas podem ser o que bem quiserem sem serem julgadas por outros. Contudo, não é assim. Nossas escolhas trazem consequências públicas. Por isso, o escritor dos Provérbios nos diz que devemos manter a nossa honra, nossa integridade, porque “vindo a perversidade, vem também o desprezo; e com a ignomínia, a vergonha” (Pv 18.3). 

Ao escolher caminhos de perversidade, as consequências públicas e sociais aparecem e, com isso, a desonra. Infelizmente, em contextos nos quais o pecado é admirado, a honra é desprezada e os valores, relativizados e ignorados. Contudo, as Escrituras ensinam que devemos agir com integridade, apesar de tudo. Não devemos medir nossas escolhas morais pela utilidade delas ou pela aceitação social, mas pela verdade da Palavra de Deus. Agir em desacordo com as Escrituras é atrair para si vergonha. Foi assim desde o passado. Aqueles que contrariavam a lei de Deus atraíam para si a vergonha pública. Embora os homens passem a aceitar pecados e a torná-los virtudes, não é assim aos olhos de Deus. O Senhor julgará os impuros. O Senhor desprezará os soberbos. Ele se levantará contra os insensatos e tolos que ignoram, distorcem ou transgridem sua santa Lei. 

Desse modo, os cristãos devem permanecer firmes na guarda de sua honra, não negociando princípios, não aceitando relativizações da verdade, não permitindo que as tradições e os fundamentos divinos sejam pervertidos. É preciso coragem para dizer e defender a verdade, sabedoria para escolher o tempo e o modo; é necessário altivez para não se corromper com o mundo e suas propostas anticristãs. Defender a honra de Cristo e de sua Palavra é a principal missão dada aos cristãos em nossa época: “não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente” (Rm 12.2). 

Soli Deo Gloria!

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