continuação
3.Apologética como argumento deliberado
A partir de Atos 17.1-9, Sire aponta uma clara intenção de Paulo de comunicar o evangelho a um público específico. Se no caso de Pedro (1Pe 3.15), a resposta era em razão da provocação externa, neste caso, em Paulo, era algo premeditado – Paulo foi procurá-los (AT 17.2). Paulo sabia que seu público era de judeus e, por isso, uma boa exegese das Escrituras hebraicas mostrando que o Messias não seria um governador de alguma província terrena, mas era necessário que ele sofresse e ressurgisse (At 17.3).
4.Apologética como confrontação
O argumento deliberado de Paulo provocou uma reação agressiva por parte dos judeus, que fez com que Paulo saísse dali para Atenas (At 17.5-15). Tendo chegado a Atenas, Paulo prosseguiu com o anúncio do evangelho, contudo com uma estratégia diferente. Ele agora resolveu distinguir entre o evangelho cristão e a visão dos estoicos e epicureus. Diante de filósofos gregos, Paulo adotou uma estratégia diferente: um tipo discursivo filosófico que apelava não para exegese bíblico, mas para argumentos filosófico-teológicos.
5.Apologética como uma forma de demonstração de humildade espiritual
O texto de 1 Coríntios 2.1-5 mostra que Paulo adaptava sua abordagem (não sua mensagem) à audiência. Isso demonstra humildade. O evangelho não deve ser ensinado por força ou violência (Zc 4.6). É necessário afetar o coração das pessoas, e isso exige esforço e sabedoria de nossa parte. Uma abordagem agressiva e repulsiva dificilmente encontrará reflexos positivos. Além disso, sua linguagem precisa se adequar ao nível de compreensão das pessoas. Uma linguagem rebuscada, difícil, filosófica para pessoas de pouca escolaridade não surtirá o efeito desejado. Adaptar-se à realidade da audiência revela humildade.
6.Apologética como participação pessoal
Participar dos sofrimentos de Cristo é forte argumento para convencer os que nos ouvem (2Tm 2.3-13; 1Pe 4.13). Uma apologética íntima e participativa, que revela ao ouvinte seu próprio compromisso com a verdade que você anuncia pode tornar-se poderoso aliado de sua mensagem. Alguém que prega algo desconectado de sua realidade não será validado por sua audiência.
7.Apologética como correção do erro e mau comportamento
O exercício da disciplina é fundamental para o bom testemunho do evangelho de Cristo. Uma Igreja que prega um evangelho permissivo se alia às práticas do mundo e não oferece o contraste necessário que leva as pessoas a perceberem o valor do evangelho. Ao perceber os erros doutrinários e morais demonstrados pelas primeiras igrejas cristãs, os apóstolos foram decisivos no exercício da disciplina. Em 2 Coríntios 10.1-6, por exemplo, Paulo promete ser firme contra a desobediência dos malfeitores. Judas, do mesmo modo, repeliu com veemência aqueles que agiam pecaminosamente. Pedro, igualmente. A defesa do evangelho contempla uma disciplina amorosa, contudo firme e rápida contra o pecado.
continua...