Wendell Lessawendell_lessa@yahoo.com.br

O que é apologética

Publicado em 10/04/2024 às 21:34.

Evidenciar a beleza do evangelho é uma das maneiras de glorificar o Deus criador e preservador de todas as coisas. Aqueles que creem em Jesus Cristo e em sua obra redentora desejam de coração e ardentemente revelar a beleza da graça da glória de Deus por meio da comunicação clara, eficaz e efetiva do evangelho. Essas formas de comunicação devem ser “poderosas em Deus, para destruir fortalezas, anulando nós sofismas e toda altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo” (2Co 10.4-5). 

Contudo, o fato de o apóstolo Paulo usar expressões como “destruir”, “anular” ou “levar cativo” não significa que ele seja adepto de um modelo conversacional agressivo em defesa do evangelho. O objetivo nunca é humilhar a pessoa com quem dialogamos. Ele próprio, ao apresentar o evangelho aos filósofos atenienses, demonstrou empatia inicial ao dirigir a eles como “senhores atenienses” (At 17.22), demonstrando respeito ao próximo. Ao instruir Timóteo (2Tm 2.22-26), Paulo escreveu: ²² Foge, outrossim, das paixões da mocidade. Segue a justiça, a fé, o amor e a paz com os que, de coração puro, invocam o Senhor. ²³ E repele as questões insensatas e absurdas, pois sabes que só engendram contendas. ²4 Ora, é necessário que o servo do Senhor não viva a contender, e sim deve ser brando para com todos, apto para instruir, paciente, ²5 disciplinando com mansidão os que se opõem, na expectativa de que Deus lhes conceda não só o arrependimento para conhecerem plenamente a verdade, ²6 mas também o retorno à sensatez, livran
do-se eles dos laços do diabo, tendo sido feitos cativos por ele para cumprirem a sua vontade. 

A apologética paulina, portanto, não incentiva uma discussão despropositada ou agressiva, com intenções de autopromoção pessoal, mas a apresentação do evangelho que veio para salvar o homem de seus pecados na pessoa de Cristo. É necessário, portanto, instruir, pacientemente, aqueles que pensam contrariamente à verdade; são imprescindíveis a pureza de coração, mansidão e dependência do Senhor. A moralidade de uma vida santificada testemunha a transformação realizada por Cristo na vida de quem o anuncia (“Foge, outrossim, das paixões da mocidade.”), o que torna poderosa a comunicação desse santo evangelho.

Alister McGrath afirmou que “a apologética tem por objetivo converter crentes em pensadores e pensadores em crentes”. James W. Sire esclarece que o termo apologética é usado com diversas acepções, desde as mais específicas àquelas mais genéricas e vagas. Por isso, ele sugere nove compreensões, a partir das Escrituras Sagradas, para a definição e o uso da apologética cristã. Em seguida, apresentarei um resumo das nove definições que estão presentes na Palavra de Deus e que devem nortear nosso conceito de apologética.

1.Apologética como resposta à perseguição
A partir de 1 Pedro 3.13-18, Sire nos ensina que o foco principal do apóstolo Pedro nessa passagem é fornecer orientação aos irmãos de como eles deveriam se portar diante das duras ameaças e graves perseguições. Uma das habilidades que eles deveriam demonstrar é a aptidão para “responder a todo aquele que vos pedir a razão da esperança que há em vós” (1Pe 3.15). 

Essa aptidão para fornecer respostas ajustadas e consistentes em relação ao evangelho é o que constitui a base da apologética. Devemos estar “preparados para responder”, ensinou Pedro. Isso exige esforço intelectual e prático. Aqueles cristãos deveriam não somente viver a vida cristã autêntica, dando bom testemunho da verdade, mas deveriam ser capazes de explicá-la às pessoas. Eles deveriam oferecer argumentos sólidos sobre o conteúdo de sua fé. 

O interessante é que Pedro trata a defesa do evangelho como resposta. Isso tem a ver com o fato de que aqueles irmãos viviam suas vidas normais cotidianas, e com isso impactavam seus vizinhos com um estilo diferente de moralidade, a ponto de as pessoas perguntarem a razão de tudo isso. Eles não estavam pregando o evangelho de maneira ativa, mas passiva. Não se tratava de uma “campanha evangelística” intencional, mas de viver cristão genuíno. Esses cristãos, portanto, deveriam saber apresentar o evangelho de modo a convencer as pessoas de que não existe vida melhor de ser vivida senão a vida em Cristo.

Além disso, eles eram perseguidos. Uma vida cristã autêntica produz inimizades com quem vive de maneira ímpia. Ao receberem acusações injustas, esses cristãos deveriam estar aptos para dar a razão da esperança deles, demonstrando que não temiam nem mesmo a morte, porque a consistência de sua fé era Cristo. 

2.Apologética como explicação e proclamação
A partir de Atos 2.1-42, Sire afirma que o evento da descida do Espírito Santo produziu a necessidade de explicação acerca do que Deus estava fazendo naquele lugar. Desse modo, a apologética serviu para proclamar o evangelho a partir da explicação de um evento extraordinário criado pelo próprio Deus por meio de seu Espírito. Essa foi uma excelente oportunidade de o evangelho ser pregado. Pedro estava atento à oportunidade de explicar àquela audiência o sentido das profecias do Antigo Testamento.

Continua...

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