Que qualidades devem ser manifestadas no preparo para a velhice?
d) Temor: a proximidade com a morte assusta. Coisas como cansaço, doenças mais frequentes, dores pelo corpo, colesterol, perda ou ganho de peso, falta de mobilidade não são mais simplesmente uma doençazinha qualquer; essas coisas se tornam sintomas de problemas maiores. E com tudo isso, o temor da morte. Nem tanto a morte em si, mas o como morrer.
e) Desapontamento: é comum aparecerem sonhos frustrados, ressentimentos, remorsos, de coisas que você poderia ter feito e não fez, poderia ter dito e não disse. Você pensa que não há mais tempo para consertar os erros e se ressente com mais facilidade.
f) Desinteresse: é a fase na qual você começa a perder o interesse pelas coisas que, até um tempo, faziam sentido para você e o deixavam feliz. Hoje, se elas não existirem em sua vida, continuará tudo bem. Não há mais aquela entrega de antes: ao trabalho, aos relacionamentos, à igreja, ou até mesmo a Deus.
g) Distância: é a fase na qual, em razão de meu desinteresse pelas coisas e meu desapontamento, eu resolvo me afastar também das pessoas. Meu distanciamento tem a ver com o meu desejo de não ter de ficar dando explicações de meus fracassos e frustrações. Essas coisas são minhas, e ninguém tem nada a ver com isso.
h) Distração: é o perigo de me achar solto demais na vida. Já aprendi o que tinha que aprender. Sou cristão, membro de igreja, faço meus trabalhos com certa diligência – não aquele ânimo todo, mas dá para o gasto. Assim, eu posso me relaxar um pouco. Essa distração é o momento no qual a cobiça pode chegar de mansinho e enredar o coração. Começo, sem querer intencionalmente, trocar a glória de Deus e a vigilância necessária para a salvação, pelos reflexos de glória desse mundo. Distraio-me com as luzes dessa geração.
Então, o primeiro passo importante é aprender a identificar esses sintomas. Você conseguiu se identificar com alguns deles? Se sim, podemos dizer que você está iniciando sua crise para a meia-idade, se não na faixa etária, no comportamento da mente.
Mas, a questão, então, é: o que fazer para superar essas tensões?
2.Busque sentido e esperança onde parece não existir
Paul Tripp cita o salmo 4 como um remédio para esses momentos sombrios de alma, nos quais estamos manifestando aqueles sintomas de desesperança, desconsolo e desânimo, típicos da entrada na fase adulta da vida. São algumas atitudes positivas de Davi que devemos copiar para nos preparar para esses momentos. São eles:
a) Davi não foge de Deus, mas corre em direção a ele: “Responde-me quando claro, ó Deus da minha justiça; na angústia, me tens aliviado; tem misericórdia de mim e ouve a minha oração. Ó homens, até quando tornareis a minha glória em vexame, e amareis a vaidade, e buscareis a mentira?” (v.1,2). Curioso observar como Davi se volta para Deus, mesmo num momento de pura desesperança. Dá para ouvirmos os soluços de Davi: “... ouve a minha oração”. Ele está desencorajado, morto em sua angústia. Será que Deus o está ouvindo?
b) Davi traz à memória sua identidade como filho de Deus: “Sabei, porém, que o SENHOR distingue para si o piedoso; o SENHOR me ouve quando eu claro por ele” (v.3). Apesar da dor e do desapontamento, ele sabe que é nascido de Deus e que, por isso, Deus está ao seu lado sempre, ainda que pareça não estar.
c) Davi examina a si mesmo: “Irai-vos e não pequeis; consultai no travesseiro o coração e sossegai” (v.4). Não é fácil fazer isso: deitar-se no travesseiro e se sentir tranquilo. O travesseiro parece de pedra e com espinhos muitas vezes. Em momentos de temor e desilusão, não é tão fácil irmos ao sono. Mas é um caminho de vida o sossegar o coração em quem pode nos trazer esperança. Precisamos examinar nossos corações. Avaliar onde estamos pisando e o que temos feito.
d) Davi adorou ao Senhor: “Oferecei sacrifícios de justiça e confiai no Senhor” (v.5). Como é possível adorar numa situação de desesperança? É lindo demais vermos Jó fazendo isso depois de perder tudo, mas nós fazermos isso? Como é difícil. Mas é que a adoração depende da intimidade que temos com o nosso Pai. Ele está presente conosco sempre, é o nosso pastor. Se assim cremos, mesmo nos momentos mais tensos e de solidão, ele estará conosco e será nosso escudo e fortaleza.