Deus concedeu ao ser humano capacidade de aprendizado, habilidades e raciocínio lógico suficiente para que o homem pudesse descobrir e conhecer cada detalhe da criação, da existência humana e do próprio Deus. Ao criar o homem, Deus designou ao ser humano a tarefa de dominar e, portanto, governar a criação (Gn 1.27-28). Isso envolve o ato de “fazer ciência”, descobrindo aspectos revelados por Deus para o benefício do ser humano.  

Ao descobrir compostos medicinais que salvam vidas, os cientistas, mesmo aqueles que não creem em Deus, estão, na verdade, cumprindo a ordem de Deus de dominar a criação e de preencher a terra com o conhecimento de Deus. 

Tudo o que conhecemos nos foi revelado por Deus. Alguns pensam que apenas a “teologia” fala sobre Deus. Na verdade, todas as demais ciências deveriam apontar para o Criador e Sustentador da criação.  

A criação é o palco no qual o próprio Deus se revela. Cada aspecto descoberto pelo homem é um aspecto de algo que Deus criou e que ordenou ser conhecido. Tudo o que foi revelado por Deus deve ser conhecido pelo ser humano. As coisas reveladas pertencem a nós e a nossos filhos (Dt 29.29). Portanto, é nosso dever conhecer a criação do Senhor. 

Nesse sentido, ao estudarmos qualquer área do saber ou aprendermos qualquer “profissão”, nossa principal motivação não deve ser desenvolver nosso talento natural, procurar um emprego, nem mesmo nosso sustento – embora, é claro, todas essas coisas são importantes e necessárias. 

Elas são, contudo, secundárias, porque a principal motivação do crente, para tudo o que ele faz, é “glorificar a Deus e gozá-lo para sempre”, o que significa que, ao descobrirmos como as coisas no mundo funcionam e como podemos gerenciá-las, estamos obedecendo ao Senhor e, consequentemente, recebendo os benefícios que ele nos oferece. 

Desse modo, um pedreiro que aprende a colocar melhor o prumo para que uma parede não fique torta ou um mecânico que aprende a consertar motores mais complexos ou um professor que desenvolve uma nova técnica de ensino ou uma enfermeira que cria uma nova técnica de bandagem, e assim por diante, todas essas pessoas estão contribuindo para que a glória de Deus se expanda pela terra. Elas são faróis pelos quais Deus, o Criador, anuncia detalhes de sua criação. São mordomos chamados para promover o brilho das obras de Deus. 

Por essa razão, o escritor dos Provérbios nos ensina que a sabedoria está convidando todas as pessoas a usufruírem dos gloriosos e perenes benefícios que ela oferece. 

Ela clama de cima dos montes, a fim de que todos possam ver e ouvir; ela anda nos caminhos por onde passamos, a fim de que possamos vê-la; até mesmo nas encruzilhadas, nos lugares mais improváveis, ela está; ela está nas entradas de todas as cidades (Pv 8.2-3). A sabedoria é pública e acessível a todas as pessoas. Ela se dirige “a todos os filhos dos homens” (Pv 8.4). 

Sabemos que essa é uma referência a Jesus Cristo, “em quem todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento estão ocultos” (Cl 2.3). Cristo é quem nos previne do falso conhecimento e de “raciocínios falazes” (Cl 2.4). Toda a plenitude reside em Cristo (Cl 1.19). 

Portanto, a mensagem cristã é que a perfeita Sabedoria, que é Cristo, convida a todas as pessoas a ouvirem suas sábias palavras a fim de que conheçam profundamente os tesouros do conhecimento. Todos nós somos chamados para crescermos na graça e no “conhecimento de Cristo Jesus” (2Pe 3.18). Então, devemos buscar na fonte de toda sabedoria, a Palavra de Cristo, que é “lâmpada para nossos pés e luz para nossos caminhos” (Sl 119.105). 

Uma pessoa piedosa e temente a Deus, sempre buscará as respostas de suas dúvidas na Palavra. Os cientistas submeterão suas descobertas ao Senhor da criação e, portanto, compreenderão que não são eles mesmos os detentores da verdade, mas administradores da revelação. 

Todo crente piedoso reconhecerá no Senhor sua principal fonte de saber.