Não obstante seja característica do ser humano pretender autonomia e autossuficiência, a própria experiência cotidiana e uma simples observação de nossos atos atestam que toda nossa tentativa de autogoverno é pura soberba e solene vacuidade. Nada é mais perceptível na relação do homem com a natureza e consigo mesmo do que a sua insuficiência.
Insuficiência não quer dizer insignificância. O ser humano tem significado. Ele possui, portanto, significância. A razão porque cremos assim é por crer naquilo que as Escrituras Cristãs afirmam: de que o ser humano foi criado à imagem e à semelhança de Deus. Isso implica que o ser humano, homem e mulher, possui em sua própria humanidade atributos transmitidos pelo ser divino. É daí que vêm os nossos principais atributos, como amor, alegria, bondade e todas as demais virtudes.
Ao falar em insuficiência, porém, admitimos a falibilidade humana como uma característica também essencial do ser. É a impossibilidade que todos nós temos de autogoverno. Dependemos particularmente uns dos outros e até mesmo de circunstâncias. Querer não é poder. Desejar não é realizar. Há limitações visíveis que precisam ser consideradas como obstáculos próprios à nossa própria soberba.
É inimaginável que o jogador de futebol Dudu se torne MVP na NBA. Assim como é impensável que Lebron James ganhe o prêmio de melhor mesatenista do mundo. É impossível? Não, necessariamente. É pouquinho provável, porém. E a razão é simples: somos limitados, quer pela própria natureza de nossos corpos, quer pelos obstáculos externos ou por nossa própria humanidade.
Desse modo, saber lidar com as limitações é o primeiro passo para não ser insignificante. O sentido é cada vez mais atribuído a alguém à medida que essa pessoa reconhece a si mesma como carente de certos atributos, os quais ou ela precisa adquirir ou deve aprender lidar com suas ausências.
Saber os limites de até aonde podemos ir traz significado à vida. É a partir de compreender que não podemos tudo o que queremos que aprendemos a ter o de que precisamos. Além disso, ao contrário do que se imagina, é na compreensão da insuficiência que aprendemos a ser suficientes para aquilo que existimos. E nisso reside nossa alegria.
Quanto maior a falta de compreensão de insuficiência maior a frustração. Quanto mais eu penso de mim mesmo o que não sou mais decepcionado eu fico comigo mesmo. Se eu me conheço e conheço meus limites, adapto-me àquilo que posso ser e fazer e, então, resigno-me à coerência de ser aquilo que de fato sou. Sem traumas nem falsas esperanças. Sem motivacionais enganosos e superficiais. Sou quem sou, porque compreendo meus limites.