Wendell Lessawendell_lessa@yahoo.com.br

Israel e o seu Deus

Publicado em 13/12/2023 às 19:00.

I. A rebeldia do povo

Uma das características de Israel foi a sua inconstância e várias vezes enfrentou sofrimento pela disciplina de Deus. Paralela à inconstância de Israel, porém, está a misericórdia de Deus sempre atuante e contínua. Em sua fidelidade ele jamais descumpriu suas promessas. O relato desta lição é mais um exemplo dessa verdade.

O povo estava contornando Edom, porque lhes fora proibida a passagem por aquele território (Nm 20.14-21). De repente, o povo começou a ficar impaciente e irritado. Essa “impaciência” significa o desafeto e a ira que estavam nutrindo contra Deus e seu servo Moisés. A impressão que nos dá é que os israelitas estavam guardando no coração uma ansiedade que não podiam mais conter. As coisas pareciam estar bem, mas o povo encontrou mais razões para murmurar, mesmo depois de tantas experiências desagradáveis que já haviam tido por essas mesmas razões.

Segundo o texto, começaram a falar “contra Deus” e “contra Moisés” (21.5), isto é, estavam em oposição a eles, em declarada discordância de seus métodos e ações. Os israelitas estavam arrependidos de terem saído do Egito e preferiam voltar à escravidão a continuar naquela caminhada sob Deus e com Moisés.

Mas não pararam aí, ainda reclamaram que não havia pão nem água. Porém, isso não era verdade. Toda manhã eles recebiam o maná e nem água Deus permitiu que faltasse, pois fez o impossível, fez com que ela brotasse da rocha (Nm 20.2-13; veja também Êx 15.22-27). O fato é que eles sabiam que tinham o necessário para sobreviver, tanto que reconheceram que recebiam o maná, embora sem elogiá-lo. “... a nossa alma tem fastio desse pão vil”. Essas duras palavras de Israel mostram o grau de ingratidão daquele povo. A Bíblia NVI (Nova Versão Internacional) faz uma tradução que torna o tom ainda mais severo: “... nós detestamos essa comida miserável”. “Pão vil” ou “comida miserável” foi o nome que deram ao alimento que Deus providenciava todos os dias. Mesmo reconhecendo e testemunhando tudo o que Deus lhes proporcionava e todos os benefícios necessários, ainda assim conseguiam murmurar. Assim o salmo rememora o acontecido: “Falaram contra Deus, dizendo: Pode, acaso, Deus preparar-nos mesa no deserto?” (Sl 78.19).

Muitas vezes, nós também somos assim. Quando estamos insatisfeitos com algum problema, ainda que tenhamos moradia, carros, emprego ou uma família bem constituída, murmuramos e agimos com ingratidão e começamos a ver tudo o que temos como coisas “vis”, desmerecendo a graça de Deus e não submetendo o controle da nossa vida em suas mãos. Porém, Deus não suporta a ingratidão e a sua reação imediata foi trazer disciplina.

II. A disciplina de Deus

Deus não poderia deixar impune tamanha ingratidão. Então ele enviou “serpentes abrasadoras”, isto é, “venenosas”, para morderem o povo. Muitos morreram naquele dia. A serpente geralmente tem uma conotação negativa na Bíblia (Gn 3.1; Sl 58.4; 140.3; Is 14.29; 27.1; 30.6; Am 9.3; 2Co 11.3; Ap 12.9,14,15; 20.2) e aqui ela foi, primeiramente, instrumento da maldição de Deus contra a ingratidão do seu povo.

A Bíblia afirma que nesse acontecimento o povo estava provando a Deus: “Não ponhamos o Senhor à prova, como alguns deles já fizeram e pereceram pelas mordeduras das serpentes” (1Co 10.9). A Escritura nos adverte para não murmurarmos contra as ações de Deus (1Co 10.10) e nem nos mostrarmos rebeldes e insatisfeitos. Isso é tentar a Deus e ele não pode “ser tentado pelo mal” (Tg 1.13).

O ensinamento é que quando agimos como Israel, Deus se sente ofendido e reage com punição. Israel o testou e o Senhor respondeu com outro teste. Afinal, o envio das serpentes serviu para provar a fé israelita: “... te conduziu por aquele grande e terrível deserto de serpentes abrasadoras, de escorpiões e de secura, em que não havia água; e te fez sair água da pederneira” (Dt 8.15).

Embora tenha havido mortes e sofrimento, esse episódio não revela apenas o juízo de Deus, mas também o quanto ele se importa com o seu povo. A disciplina de Deus não tem por alvo a nossa destruição, mas a reconciliação. Foi exatamente isso que aconteceu em seguida, pois das serpentes abrasadoras e peçonhentas veio o sinal da graça de Deus

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