Estar contente em toda e qualquer situação não é uma característica comum às pessoas. Pelo contrário, nossa tendência é reclamar das pessoas e das circunstâncias sempre que podemos. Isso diariamente. Manter-se tranquilo em relação à vida e às dificuldades também não é algo que vemos facilmente nem nas pessoas nem em nós mesmos. Nossa geração, aliás, é uma geração de ansiosos e imediatistas. Queremos para agora as coisas de amanhã. Temos muitas dificuldades de nos contentarmos com o que temos disponível no momento, com o que somos, e de nos mantermos serenos e pacientes diante das mudanças que ocorrem todos os dias.
Nossos dias são muito inquietos. Há perturbação por todos os lados. As novas tecnologias aceleraram muito o movimento das informações. Sabemos de tudo muito rapidamente e, por isso, ocupamos nossas mentes com muitos assuntos, a maioria deles sem qualquer interesse para nós ou totalmente fora de nossa competência. O resultado é que nos tornamos experts em todos os assuntos e queremos dar nossa opinião sobre tudo, mesmo que superficiais e sem qualquer relevância de grande impacto.
Esse ativismo é percebido em todo lugar, inclusive nas igrejas. Algumas delas se enchem de muitas atividades com o objetivo de manter as pessoas “ocupadas”. Alguns líderes pensam que se houver muitas programações isso manterá as pessoas vinculadas à instituição. Contudo, não é esse o resultado. Geralmente os membros dessas instituições se cansam de tantas atividades e programações. Além disso, elas se ocupam com coisas secundárias que, embora possam ser importantes em alguns momentos, não são as mais importantes e, por isso, não podem ocupar a maioria do tempo de uma igreja.
O principal remédio para se curar o ativismo é a serenidade que nos é dada pelo Espírito para contemplarmos o que é mais importante. “Primeiro as coisas primeiras”, disse C. S. Lewis. Jesus Cristo ensinou a Marta uma lição muito importante: “Marta, Marta, você se preocupa e se inquieta com todos esses detalhes. Apenas uma coisa é necessária. Quanto a Maria, ela fez a escolha certa, e ninguém tomará isso dela” (Lc 10.41-42 – NVT). Jesus disse isso depois de Marta sugerir que Jesus deveria repreender Maria por esta estar assentada aos pés dele ouvindo o ensino e ela, Marta, estar ocupada com os afazeres da casa. Jesus disse a Marta que o melhor a se fazer é sentar-se para ouvir o seu precioso ensino a viver uma vida atribulada com muitas ansiedades e preocupações.
Um espírito sereno, portanto, é que o Senhor deseja de todos nós. Não devemos andar ansiosos, inquietos, atribulados, pensando que nossa correria resolverá os nossos problemas. Não devemos entrar no ritmo de parte das pessoas, na correria das coisas, mas aquietar nosso coração na esperança de que “se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam” (Sl 127.1). Devemos sossegar nosso espírito na presença do Senhor e esperar por ele.
Obviamente, o ensino da serenidade não pressupõe irresponsabilidade ou ociosidade. Deus quer que trabalhemos e trabalhemos diligentemente, a fim de prover para nós, nossos familiares e sociedade. Contudo, devemos saber que todo o nosso esforço, por mais elevado que seja, não produzirá bons frutos se o Senhor não nos abençoar. Por isso, o escritor dos Provérbios nos ensina: “O ânimo sereno é vida para o corpo” (Pv 14.30a). Um coração sereno, tranquilo, contente com o Senhor e confiante em sua soberania e poder provedor é o que agrada nosso Deus.
Devemos nos aquietar do barulho dos dias, das ameaças e tensões dos homens, dos gritos políticos e dos sons das ansiedades. Nosso coração deve repousar seguro no Senhor a fim de experimentarmos sua paz, que excede todo entendimento e nos consola com a presença constante de nosso Pastor que nunca nos abandonará.
Soli Deo Gloria!