Wendell Lessawendell_lessa@yahoo.com.br

Cuide bem dos animaizinhos (Provérbios 12.10)

Publicado em 22/03/2023 às 20:00.

As Escrituras nos dizem que tudo o que existe no mundo foi criado por Deus, tanto os seres inanimados como os seres vivos. Toda a estrutura do universo e tudo aquilo que povoa o universo foram criados por Deus para demonstração de sua glória (Gn 1.1-31). Deus criou todas as coisas e “viu que era bom”. As obras de suas mãos são perfeitas e sábias. Todas estabelecidas com harmonia com o propósito de exaltar o Criador. A criação glorifica o nome do seu Criador (Sl 19.1-6). Todo ser que respira deve louvar ao Senhor (Sl 150.6). 

E ao criar o homem, o Senhor deu a ele uma ordem expressa de ser o administrador de toda a criação. O ser humano recebeu a ordem para cultivar e guardar tudo o que foi criado por Deus. Desse modo, a criação está sob nossa responsabilidade. Infelizmente, o pecado distorceu também a nossa relação com a criação e, em razão de nossa depravação e nosso distanciamento de Deus, “toda a criação, a um só tempo, geme e suporta angústias até agora” (Rm 8.22). O pecado nos priva de sermos bons administradores das coisas criadas. 

Apesar disso, à medida que restabelecemos nossa comunhão com Deus, por meio de Cristo, recuperamos nosso relacionamento com a criação e passamos a ver a criação como um palco no qual o Senhor exibe sua glória. E agora, como bons mordomos, preparamos muito bem esse palco e cuidamos muito bem de todos os preparativos para o espetáculo, a fim de que o ator principal seja dignificado. 

Ciente dessa responsabilidade com a criação, o escritor dos Provérbios afirma que “o justo atenta para a vida dos seus animais, mas o coração dos perversos é cruel” (Pv 12.10). Quem pratica crueldade com animais é ímpio e não cumpre a ordem de Deus de administrar bem a criação. Os justos são bondosos com toda a criação de Deus. Eles entendem seu chamado. Sabem que devem cuidar do que não é seu, mas do Senhor. Portanto, eles não maltratam, não são perversos nem crueis. O ímpio maltrata o seu próprio animal. O justo, ao contrário, cuida de seus próprios animais com dedicação. 

No livro de Números, há um interessante exemplo de maus-tratos que foi repreendido pelo Senhor. Balaão, agindo com ira contra sua jumenta, espancou-a por três vezes para que ela retomasse o seu caminho. O Senhor, contudo, por meio de seu Anjo, fez a jumenta falar a Balaão: “Que te fiz eu, que me espancaste já três vezes?... Porventura, não sou a tua jumenta, em que toda a vida cavalgaste até hoje? Acaso tem sido meu costume fazer isso contigo?” (Nm 22.21-30). Essa história narra um episódio sobrenatural. Tratou-se de uma revelação divina, na qual o Anjo do Senhor apareceu a Balaão e fez a jumenta falar. 

Não é comum ouvirmos animais falando. Até porque não precisamos mais daqueles sinais do Antigo Testamento para revelar Deus. A revelação completa de Deus aconteceu em Jesus Cristo. Então, não precisamos mais de aparições sobrenaturais do Senhor. A voz do Senhor é ouvida em sua Palavra. Contudo, ainda que não ouçamos mais, de modo sobrenatural, animais falando palavras em nossa língua, o princípio estabelecido pelo Senhor permanece: devemos cuidar – e bem – dos animais, porque recebemos a ordem de Deus de sermos seus fieis administradores da criação. 

Os seres humanos foram criados à imagem e semelhança de Deus, por um pouco menor que Deus (Sl 8.5), portanto somos muito maiores e distintos que qualquer animal. E por essa razão, devemos exercer domínio sobre eles, cuidando e domesticando todos eles (Sl 8.6). Devemos, portanto, cultivar apreço pelos bons bichinhos. Devemos cuidar deles, sem compará-los a pessoas e sem atribuir a eles honra maior que o próprio Deus atribui, mas devemos tratá-los como parte da criação do Senhor e, por isso, evitar que sejam maltratados por nós ou por outros. 

Devemos ter pela criação do Senhor o mesmo apreço demonstrado pelo sábio Salomão: “Compôs três mil provérbios, e foram os seus cânticos mil e cinco. Discorreu sobre todas as plantas, desde o cedro que está no Líbano até ao hissopo que brota do muro; também falou dos animais e das aves, dos répteis e dos peixes. De todos os povos vinha gente ouvir a sabedoria de Salomão, e também enviados de todos os reis da terra que tinham ouvido da sua sabedoria” (1Rs 4.32-34). O ponto é que a sabedoria de Salomão contemplava o apreço pela criação do Senhor, incluindo plantas e animais: do mais importante e maior ao aparentemente menos importante e menor (cedro e hissopo). Quem é sábio e justo ama a criação do Senhor. Discorre sobre ela e atribui a ela a distinção de ser o palco no qual o grande Criador exibe sua majestosa glória.

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