“Sei que a bondade e a fidelidade me acompanharão todos os dias da minha vida, e voltarei à casa do Senhor enquanto eu viver”.
O texto mais conhecido da Bíblia traz uma das lições mais esquecidas por nós: a de que o Senhor, o nosso Deus, nos persegue diária e renovadamente com a sua bondade e a sua fidelidade. Muitas vezes nos esquecemos disso e nos entregamos a preocupações excessivas e chegamos até mesmo a blasfemar contra o Senhor, revelando a ingratidão de nossos corações.
Deus está conosco sempre. Jesus Cristo, seu amado Filho, prometeu que estaria conosco todos os dias de nossa vida: “e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos” (Mateus 28.20). Ele nos alertou para não ficarmos ansiosos, porque a sua presença seria abundante conosco (Mateus 6.31-34).
O apóstolo Paulo disse que deveríamos suplicar ao Senhor quando estivéssemos ansiosos (Filipenses 4.6), lançando sobre ele a nossa ansiedade com ações de graça (sem murmurações ou questionamentos inúteis sobre sua vontade). O apóstolo Pedro igualmente nos advertiu (1 Pedro 5.7). E o que gera a ansiedade se não a nossa incredulidade no Deus que nos sustenta diariamente?
E é preciso que eu diga que não estou julgando você. Eu sou uma pessoa ansiosa. Já tomei medicamentos contra a ansiedade. E hoje uso a minha experiência para ajudar outras pessoas. Ansiedade não é porque você está orando pouco ou porque não lê a Bíblia. Você pode fazer tudo isso. Mas, lá no fundo do seu coração, sendo bem sincero com a sua consciência, você perceberá que quando mais cremos na presença bondosa e fiel do nosso Senhor ainda mais nos sentimos descansados e esperançosos quanto à nossa vida. Eventos futuros, que nos são desconhecidos, nos causam ansiedade.
Portanto, reconhecer com o nosso coração que a nossa vida está inteiramente nas mãos do nosso Salvador nos traz conforto e consolo. A ansiedade virá. Se não viesse, o nosso Senhor não teria orientado os seus discípulos sobre isso nem os apóstolos teriam ensinado aos irmãos. Se há orientações nesse sentido é porque Deus conhece muito bem as nossas fraquezas. Ele sabe que somos pó, que somos frágeis. Ele sabe que sucumbimos facilmente em nossas ansiedades. Por isso precisamos a cada dia nos lembrar de que as santas misericórdias do Senhor se renovam e são a causa de não morrermos (Lamentações 3.22,23). E a lembrança do Salmo 23 é fundamental para enfrentarmos os desafios: o Senhor Jesus Cristo é o nosso pastor, e com ele nada nos faltará, porque a sua bondade e a sua fidelidade nos perseguem.
Dia desses um irmão me questionou: mas e aquelas pessoas a quem faltam algumas coisas como, por exemplo, um emprego para sustentar a família, comida, saúde, paz? Como é possível elas perceberem que Deus está favorável a elas num contexto hostil e sem esperança? Eu não pretendo ter todas as respostas para os desígnios divinos. Não gosto mesmo de ser especulativo. Então eu entendo que o melhor caminho é crermos que Deus permite que essas ocorrências venham sobre nós a fim de nos fazer ainda com maior clareza suas mais ricas e abundantes benevolências.
Quando Deus tira de nós coisas que nos são muito preciosas, parece que ele quer mesmo nos fazer olhar para ele. Acho que o salmo 73 ajuda a responder: “Contudo, sempre estou contigo; tomas a minha mão direita e me susténs. Tu me diriges com o teu conselho, e depois me receberás com honras. A quem tenho nos céus senão a ti? E na terra, nada mais desejo além de estar junto a ti. O meu corpo e o meu coração poderão fraquejar, mas Deus é a força do meu coração e a minha herança para sempre” (Salmo 73.23-26). Observe a pergunta do salmista: “A quem tenho nos céu senão a ti?”. Não há outro em quem devemos confiar. Então, se algum evento de nossa vida nos tira a paz, a segurança, a saúde, a família, a estabilidade, ou qualquer outro bem, nós temos a companhia perene do Senhor. Você não estará sozinho, ainda que todas as pessoas o abandonem e ainda que você mesmo perca a esperança. Deus é bom, e a sua bondade nos acompanhará sempre. Ele é fiel, e não mentirá sobre o nosso futuro. Ele determinou a nossa história e nós
a cumpriremos até ao fim.