Existe uma falsa ideia de que aceitar Jesus é apenas reconhecê-lo como salvador e redentor. Por isso, muitas pregações chamadas evangelísticas apresentam somente o clichê “Jesus te ama” para as pessoas. Todavia, o próprio Jesus nos ensinou que aceitá-lo é também obedecer aos seus mandamentos. Pensando do modo certo, só ama de verdade ao Senhor Jesus aqueles que obedecem à sua Palavra. A obediência é a maior e – podemos até mesmo dizer – a única prova de nosso amor genuíno por Jesus: “Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor” (Jo 15.10).
Observe a ordem das coisas: guardar o mandamento e – depois – permanecer no amor. O indicativo de Cristo, portanto, é que o amor se estabelece pela obediência. O apóstolo Paulo também nos disse que ele foi chamado para o apostolado “por amor do seu nome, para obediência por fé” (Rm 1.5). Ninguém é chamado por Cristo para viver uma vida desobediente. Ninguém pode se considerar convertido se sua vida não é caracterizada pela obediência à Palavra de Cristo. Então, além de recebermos Cristo como Salvador, devemos também recebê-lo como Senhor. Ele é o governador de nossas vidas e é ele quem define quem somos e o que devemos fazer. Não somos guiados por nossos próprios entendimentos, mas direcionados pela Palavra de Cristo.
Quem deseja autonomia não pode ser servo de Cristo. Por isso, o escritor dos Provérbios nos ensinou: “O que anda na retidão teme ao SENHOR, mas o que anda em caminhos tortuosos, esse o despreza” (Pv 14.2). Andar em retidão significa desenvolver um comportamento reto, honesto, justo, guiado por princípios estabelecidos pelo Senhor. É o temor ao Senhor que direciona toda nossa vida: o que somos e o que fazemos. Aquele que teme ao Senhor anda nos seus caminhos. O verbo “andar” indica continuidade. É, portanto, uma vida completamente devotada à obediência a Cristo, em cada detalhe e em todo momento. Cada decisão é pensada levando em conta a ordem de Jesus em sua Palavra.
Contudo, aqueles que veem o Senhor apenas como seu suposto salvador, mas não o têm como Senhor, vivem suas vidas alienadas e soberbas. Querem ser donos de si e, por isso, desprezam o conhecimento que vem do Senhor. E ao fazerem isso, desprezam o próprio Senhor. Quem despreza a Palavra do Senhor e não a obedece despreza o próprio Senhor. Este é um excelente critério para você examinar a si mesmo: você diz amar a Jesus, mas não obedece a sua Palavra? Então, você deve de fato avaliar se seu amor é verdadeiro e se você é verdadeiramente convertido. Se Jesus não for também Senhor de sua vida, além de ser seu Salvador, você não está apto para se considerar um discípulo de Cristo.
Infelizmente, a visão humanista de nossos dias nos faz pensar que somos mais importantes do que de fato somos. O ser humano tem obviamente sua importância. Ele foi criado à imagem e semelhança de Deus. Contudo, ele não é dono de sua própria vida, como alguns geralmente defendem. Nós não somos autônomos. Temos um Rei sobre nós. E a decisão que devemos tomar é a seguinte: ou obedecemos às regras dessa monarquia ou nos rebelamos e criamos nossas próprias regras. É óbvio que ambas as decisões trazem consequências. A primeira – viver sob o governo de Cristo – estabelece uma relação de amizade e intimidade com o Senhor e, de acordo com as Escrituras, o resultado disso será bem-aventurança. A segunda decisão – tornar-se autônomo e se rebelar contra as ordens expressas do Rei – implicará atrair contra si mesmo a ira de Deus.
Se as pessoas pensam que Deus é somente amor, elas estão muito enganadas. Deus é também justiça e punirá com severidade aqueles que rejeitarem seu governo. O apóstolo Pedro registra essa ideia em sua carta: “Porque os olhos do Senhor repousam sobre os justos, e os seus ouvidos estão abertos às suas súplicas, mas o rosto do Senhor está contra aqueles que praticam males” (1Pe 3.12). Observe que o apóstolo apresenta o Senhor tanto amoroso quanto justo. Ele ama e se aproxima daqueles que fazem sua vontade, mas torce o seu rosto contra aqueles que não lhe obedecem.
Desse modo, é inútil pensar que teremos um bom relacionamento com Deus se apenas o visitarmos nos momentos de necessidade, ou se falarmos de boca para fora que o amamos. O que ele requer de nós é uma obediência consistente e frequente. Demonstraremos que o amamos quanto mais obedecermos às suas santas Palavras. Confissões externas de fé não produzem resultado salvífico. Por isso, muitas pessoas pensam estar satisfeitas em Deus, mas na verdade estão presas e enganadas em métodos religiosos que nada podem fazer para satisfazer a sede de suas almas e os anseios de seus corações.
Só estaremos plenamente satisfeitos quando nos tornarmos súditos do verdadeiro Rei. Nosso coração só encontrará descanso quando entregarmos nossas vidas inteiramente a Cristo e vivermos de acordo com sua vontade – e não a nossa. Quando a nossa vontade for a de Cristo, então usufruiremos benefícios celestiais nesse mundo e entenderemos que não pertencemos a nós mesmos, mas ao Senhor.
Soli Deo Gloria!