O que distingue a educação geral da educação cristã é o fato de que a educação cristã é um processo formativo pelo qual Cristo é colocado no centro de toda a discussão, de maneira ampla, compreensiva e final. Ele é o objetivo final de toda a aprendizagem, porque “nele estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento” (Cl 2.3).
A descrição que Paulo faz da soberania de Cristo sobre todas as coisas é muito importante se queremos designar o papel da educação cristã. Paulo afirma que, em Cristo, todas as coisas “foram criadas, nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos ou soberanias, poderes ou autoridades; todas as coisas foram criadas por meio dele e para ele” (Cl 1.16). Observe como esse versículo é riquíssimo e determina qual deve ser a preocupação de tudo o que envolve o conhecimento humano: Cristo.
O pressuposto dos cristãos é que, sem a educação cristã, portanto, qualquer outra forma de educação será falha, porque não será capaz de contemplar a totalidade. Essa é a razão pela qual vemos tantos desvios morais, padrões alterados e corrupções, ainda que em sociedades escolarizadas.
Não podemos nos esquecer de que, de acordo com as Escrituras Sagradas, o problema do ser humano não é a falta de educação, mas o pecado. É em razão do pecado que existe a corrupção de tudo o que é produzido pelo ser humano. Mesmo as boas atitudes são corrompidas. Nada resta, a não ser quando restaurado ao padrão de Cristo. Por isso Paulo afirmou que esse deve ser o nosso objetivo final: levar cativo todo pensamento a Cristo.
Gildásio Reis, em seu livro Elementos essenciais para o educador cristão, relaciona sete pressupostos teológicos importantes que definem a educação cristã bem como revelam seus objetivos. Citaremos apenas os tópicos, sem elaborar comentários, exceto em casos mais específicos:
1. Educação cristã é um processo que envolve santificação progressiva.
2. Educação cristã ocorre informalmente (piedade pessoal do educador). Nesse ponto, meu comentário é que a educação cristã também pode ocorrer formalmente. O que Reis quis dar ênfase é que o educador cristão deve cativar o seu aluno não apenas pelo conteúdo formal, mas pelo modo como ensina, por meio de uma vida piedosa a Deus e a seus ordenamentos.
3. Educação cristã é um processo planejado, sistemático e contínuo.
4. Educação cristã tem como objetivo levar o crente à maturidade. Nesse ponto, meu comentário é que os não cristãos são atingidos pela educação cristã, pois há princípios universais que são partilhados por todos.
5. Educação cristã deve se fundamentar nas Escrituras Sagradas. Meu comentário é que todas as demais áreas do saber dependem de uma epistemologia, ou seja: elas sempre partem de determinados pressupostos que serão a base de suas teorias. Por exemplo: para um sociólogo materialista, é um princípio básico atribuir aos valores de dada sociedade seu caráter relativo à época, de modo que determinado valor de antes não necessariamente precisa permanecer, pois os tempos mudos e as pessoas “evoluem”. Para um cristão, certos valores são atemporais e absolutos, como é o caso do casamento entre homem e mulher, apenas.
6. Educação cristã é sustentada pelo Espírito Santo.
7. Educação cristã visa à glória de Deus. O objetivo final de tudo o que fazemos é glorificar a Deus (1Co 10.31). No campo educacional, deve ser o objetivo final, tanto das teorias desenvolvidas quanto da prática pedagógica e do pressuposto fundamental do educador, a restauração de todas as coisas conforme Cristo. Paulo escreveu: “Somos embaixadores de Cristo, como se Deus estivesse fazendo esse apelo por nosso intermédio” (2Co 5.20).
Por que a educação cristã é relevante? Porque somente a educação cristã pode reconciliar o homem com Deus. Somente a educação cristã pode educar os homens contra suas paixões perversas e corrompidas, estabelecendo novo padrão de conduta e motivação. Paulo escreveu a Tito: “Porque a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens. Ela nos ensina a renunciar à impiedade e às paixões mundanas e a viver de maneira sensata, justa e piedosa nessa era presente, enquanto aguardamos a bendita esperança: a gloriosa manifestação de nosso grande Deus e Salvador, Jesus Cristo” (Tt 2.11-12).