Wendell Lessawendell_lessa@yahoo.com.br

A mentira perfeita

19/05/2022 às 00:04.
Atualizado em 19/05/2022 às 11:01

 A mentira, embora celebrada em nossa cultura como algo positivo ou jocoso, considerada muitas vezes um recurso satisfatório para se escapar de problemas, aliviar a consciência e enganar o próximo, ensinada até mesmo como técnicas de catarse é, na verdade, o reflexo de um coração humano enganoso, cheio de astúcias e que se predispõe naturalmente ao prejuízo de si mesmo.

Não sem propósito, Jesus Cristo nos ensinou que a mentira tem como pai o próprio diabo, seu inimigo, que desde o início nunca se apegou à verdade; mas, ao contrário, distorce constante e deliberadamente a verdade com objetivos escusos e enganosos, a fim de trapacear, falsificar e produzir autoengano nas pessoas, levando-as à ilusão, à destruição e ao desespero. 

Todo mentiroso, antes de enganar alguém, engana-se sobre si mesmo. Isso porque a mentira é uma tentativa de fabricar outra realidade – egoísta e falsa – com o propósito de satisfazer a cobiça do coração do embusteiro. Todavia, ao fingir outra realidade, o mentiroso, iludido, pensa estar lucrando quando, na verdade, desfaz-se em falsidades. Quanto mais ele mente, mais distante da realidade concreta ele se coloca e mais íntimo do engano ele se torna. 

O escritor de Provérbios diz que essa ilusão de bem-estar produzida pela falsificação momentânea da realidade leva a pessoa à loucura, porque, vivendo em seu mundo paralelo, falso, enganoso, o enganador, que é também tolo – porque não tem sabedoria – e louco – porque fabrica um mundo aparente –, modifica os valores do bem e do mal, adultera a realidade das coisas concretas e objetivas, sem distinguir o certo do errado.

Falar inverdades, ainda que aparentemente inocentes, é demonstração de falta de caráter. É uma autodeclaração de impostor e farsante, um retrato de alguém egocêntrico e soberbo. O mentiroso sempre pensa apenas em si mesmo e jamais se dispõe a perder por amor ao outro. Ele é um mal social.

Nas palavras de Johannes Geerhardus Vos, “o mentiroso é um ‘trapaceiro’ que tira proveito da reputação geral de fidelidade da sociedade humana ao dizer mentiras em benefício dos seus propósitos egoístas”. E ainda prossegue: “Se todo mundo dissesse mentiras o tempo todo, a sociedade humana não poderia existir, pois seria impossível jamais acreditar em ninguém. É só e absolutamente porque dizer a verdade é prevalecente que a sociedade humana pode funcionar”. 

Portanto, o mentiroso é antissocial e um mal para ele mesmo, mas muito mais para a sociedade. Pessoas dissimuladas e falsas não devem ser toleradas. Aqueles que espalham notícias falsas, boatos, fofocas devem ser corrigidos e evitados. 

Maledicências, injúrias, rumores, adulações falsas devem ser odiadas. As mentiras de pessoas que cultivam essas práticas devem ser expostas para o bem de todos. Não devemos usar nossos ouvidos para dar lugar a mentiras nem nossos lábios para produzi-las.

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