Wendell Lessawendell_lessa@yahoo.com.br

A arca e o arco

28/04/2022 às 00:11.
Atualizado em 28/04/2022 às 10:11

O dilúvio é uma das histórias mais fantásticas da Bíblia. Sua narrativa prodigiosa despertou interesse de produções cinematográficas, como o filme de 2014, com mais de duas horas de duração, estrelado pelo excelente Russell Crowe interpretando o épico Noé, e do ainda mais lendário Anthony Hopkins, no papel de Matusalém. O filme arrecadou mais de 359 bilhões de dólares. Apesar de diversas incongruências em relação ao texto bíblico, o que é bastante comum em filmes hollywoodianos, com interpretações próximas do gnosticismo, como a insistência na interpretação de anjos caídos ou nefilins numa leitura de Gênesis 6.4, conforme defendido no Primeiro Livro de Enoque, a produção evidenciou a importância histórico-religiosa do Dilúvio e seu impacto na construção de um novo mundo. 

Por meio desse evento cataclísmico e que não se repetirá na história da humanidade como método de punição (Gênesis 9.11), aprendemos muitas lições acerca do relacionamento de Deus conosco e do modo como devemos, de nossa parte, nos relacionar com Ele. Ao saírem todos da arca, o Senhor da Aliança os abençoou com a fertilidade (Gênesis 9.1), o governo sobre toda a criação (Gênesis 9.2-3) e ordenou que protegessem a vida com a própria vida, ordenando a pena de retribuição de morte contra aqueles que ousassem matar outro ser humano (Gênesis 9.5-6). 

Como objetivo de restabelecer uma nova época, o Senhor da Aliança ainda proferiu as novas palavras, simbolizando uma reconstrução de todas as coisas – o que prefigura a reconstrução espiritual que seria plenamente alcançada em Jesus Cristo. As novas palavras repetiam aquelas enunciadas a Adão, mas agora com marcas distintivas e profundamente espirituais, porque, além de declarar sua aliança com os homens e com todo ser vivo, o Senhor também decretou um símbolo mágico, o arco-íris, como sinal visível da eterna aliança. A arca e o arco. Símbolos de refúgio e pacto. Lugar seguro e sinal de aliança eterna. A arca, a da Aliança, lugar onde estavam guardados os elementos sagrados. O arco, cores vivas de uma voz que anunciava esperança, restauração e vida eterna.

Dentro da arca estavam três elementos muito significativos: o maná – que representava a fidelidade de Deus ao sustentar o seu povo no deserto, sem deixar que ele perecesse com fome; a vara de Arão – símbolo da linhagem sacerdotal que libertaria o povo da escravidão do Egito; e as tábuas da Aliança – símbolo das regras, dos preceitos e das cláusulas contratuais entre Deus e o povo. “Sobre ela, os querubins de glória, que, com a sua sombra, cobriam o propiciatório”. Os anjos simbolizavam a presença santa de Deus com o seu povo. Eles estavam ali para guardar os elementos sagrados que estavam dentro da arca e para requerer o juízo de Deus contra o povo pecador. O sangue aspergido sobre o propiciatório era uma forma de bloquear a visão dos anjos e aplacar a ira e amenizar a reivindicação de justiça.

Portanto, a arca é um símbolo perpétuo nas Escrituras. Não apenas a arca de Noé, mas a arca da aliança. Ambas apontam para o lugar de refúgio e para o método de Deus para “salvar o seu povo dos pecados deles” (Mateus 1.21). 

E o arco é um desenho feito por Deus para nos fazer lembrar essa promessa de que ele nunca mais destruiria o seu povo completamente e, além disso, promoveria vida para sempre. A arca na terra e o arco no céu. Artes pintadas na terra e no céu para nos trazer “à memória o que nos pode dar esperança, que as misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos; elas se renovam cada manhã. Grande é a tua fidelidade” (Lamentações 3.21-23).

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